Marina me disse um dia que a gente só se lembra do que nunca aconteceu.
Marina
Com isso ela também poderia ter dito o que Zafón complementou em outro livro dele, que as pessoas que pensamos amar são apenas sombras na alma de um estranho. Ou talvez, parafraseando mais uma de suas obras, que a pessoa que a gente vê nada mais é que um personagem oco, e a verdade se esconde sempre na ficção.
Ela nunca falou de alguém pelo nome, Zafón disse pela boca de outro personagem seu, e ele tinha um ar de David Martín. Maldito, doente e fascinante. A língua mais afiada do que a arma que atingiu Júlian Carax, o sorriso mais difícil de se alcançar e tanta dor presa dentro de si que parecia que morreria antes dos trinta.
Com aquele ar e veneno de um dos meus personagens favoritos do meu autor favorito, nunca parei para pensar em qual personagem dessa tragédia eu seria. Até que fosse tarde demais.
Eu nunca seria sua Cristina, estava muito mais para Isabella do que para qualquer outra personagem dessa história. A garota que o colocou como seu professor em todos os aspectos da vida, que sempre perdia toda e qualquer discussão e que cuidou dele… como ele nunca quis ser cuidado.
Se tivesse parado para pensar, teria entendido que minha devoção por ela não era mais do que uma fonte de sofrimento. Talvez por isso a adorasse ainda mais, por essa estupidez eterna de perseguir os que nos fazem mal.
A Sombra do Vento
David não se tornou meu personagem favorito talvez porque eu tenha levado muitos anos para entendê-lo. Quem ele era, porque ele era, como ele foi. Antes dele Carax sempre foi fonte de minha afeição, talvez por ser mais alquebrado, desgraçado e maldito que o primeiro.
Sempre tive essa tendência de gostar de coisas quebradas, de gostar daquela peça empoeirada no canto da estante de um antiquário à espera que o dono de seus sonhos voltasse para buscá-lo e que, exatamente por isso, houvesse rejeitado todos os outros que vieram anteriormente. E sem nenhum lugar para ir, nunca poderia desaparecer.
E mesmo que só nos lembremos do que nunca aconteceu, as marcas de nossos sentimentos não podem ser forjadas por pó. Mas tudo bem, porque Fermín ensinou-nos uma outra importante lição…
Não se venda barato, que em noites assim tudo parece pior do que é.
A Sombra do vento
Marina Menezes
Que liindo!!! Eu amo o Zafón, gosto de como as histórias dele são sempre meio trágicas, e os personagens meio quebrados, como você disse. Meu favorito é o David, mas tenho uma queda pela Marina (minha xará). Gosto do David pelo jeito meio amargo dele, todo o cinismo e a ideia do Corelli ser ele também (já reli o livro várias vezes, nunca consigo encontrar a resposta. Às vezes parece que sim, ele existiu, às vezes parece que não, o David que era maluco mesmo). E a Marina tem um vigor de vida que eu admiro demais, além do jeito aventureiro. Sou apaixonada <3
Jade Amorim
Marina MenezesMari, meu favorito de todos é, com certeza, o Julian Carax. Gosto muito do David também, e principalmente da Marina, mas o Julian né… rs Fico feliz que tenha gostado. ♥
Divana
Ahhhhhh!!!!!
Como eu amo Zafón e como eu quero ter uma coleção só dele logo.
Descobri seus livros por um mero acaso. Um título que me chamou a atenção e que me conquistou nas primeiras páginas.
Lindo, maravilhoso texto Jade!
Abração!