Entre os muitos livros que eu comecei em outubro e só fui terminar na maratona literária que fiz no primeiro feriado de novembro, estava Minha Vida Fora dos Trilhos. Achei que, sendo da Clare Vanderpool, eu faria o mesmo que fiz com Em Algum Lugar nas Estrelas. Concluindo o livro no mesmo dia e às lágrimas. Mas a verdade é que demorei para me conectar com Abilene, nossa protagonista.
Com apenas 12 anos, Abilene é deixada pelo pai na pequena cidade de Manifest. Não querendo que a filha seja uma errante como ele, que trabalha construindo ferrovias e nunca teve um lar fixo, deixa a garota sob a tutela de um antigo conhecido.
Apesar de a cidade ser considerada “um fim do mundo”, a jovem ainda consegue encontrar aventuras e fazer amizades. Tudo enquanto espera ansiosamente pelo pai que tanto ama vir buscá-la.
Eu achava que sabia algumas coisas sobre as pessoas. Tinha até minha lista de universais. Mas agora estava em dúvida. Talvez o mundo não fosse feito de universais que podem ser arrumados em pacotinhos perfeitos. Talvez só tivesse pessoas. Pessoas que estavam cansadas, magoadas e sozinhas, da sua própria maneira e no seu próprio tempo.
Minha vida fora dos trilhos – Clare Vanderpool
Durante seus momentos de solidão e tédio, Abilene encontra uma velha caixa de charutos com cartas antigas e objetos de apreço de seu antigo dono. Para ela, a caixa vira uma caixa do tesouro, e esses tesouros trazem lembranças de uma história antiga da cidade. Que, claramente, Abilene quer muito desvendar. Seu objetivo é encontrar marcas de seu pai pela história da cidade, acreditando que assim ela pode se reconectar a ele, mesmo estando tão longe.
É neste momento em que o livro se divide. De um lado as aventuras da pequena e do outro a história antiga de Manifest. Misturando o passado e o presente, Clare nos leva a uma viagem de perda e redenção.
Não está em nenhum mapa. Os verdadeiros lugares nunca estão.
Ambientado na época da Primeira Guerra Mundial à Grande Depressão norte-americana nos anos 30, ouso afirmar que Minha Vida Fora dos Trilhos é uma história sobre histórias. E, claramente, sobre o poder que ouvir e contar uma história tem sobre você.
Mesmo tendo dificuldade de me envolver com as personagens, não posso reclamar de nenhum. São pessoas reais. Pessoas que carregam os medos, as inseguranças e as aventuras. O desejo de ser livre. E Abilene entra nessa narrativa como a pessoa que não vai deixar que nenhuma história seja enterrada e esquecida.
Quando há sofrimento, procuramos um motivo. E é mais fácil encontrar esse motivo dentro de si mesmo.
Minha vida fora dos trilhos – Clare vanderpool
Com uma edição impecável, mais uma vez a Darkside figurou na minha estante. A edição é tão linda e inspiradora que fez com que eu, não satisfeita em montar um cenário, fosse até a antiga orla ferroviária da cidade para fotografar. E aí me obriguei a fazer o livro pular toda a minha lista de leitura.
São 320 páginas, mas existem vários “prints de jornal” em algumas páginas e a leitura flui diferente. Adorei o fato de que, sendo um flashback, ao invés de usar o clássico artifício do itálico, a editora apenas mudou a fonte do texto.
Quem sonharia que alguém pode amar sem ser esmagado por esse peso?
Minha vida fora dos trilhos – Clare vanderpool
As duas histórias, apesar de se passarem em momentos diferentes, se completam com perfeição. E o fim é aquele que faz você ficar com o coração aquecido. Porque no fim, essa é uma história de uma garota buscando desesperadamente traços do amor do pai ausente.
Que tal conhecer essa e outras leituras de deixar o coração quentinho? Aqui embaixo eu vou deixar algumas recomendações que me incríveis e você aproveita e deixa um comentário. ♥
Vanessa
Que bacana, ainda nao conhecia. Eu gosto de histórias sobre histórias rs.
Ah e o cenário das fotografias ficou perfeito. Adoro quando alguém tem esse carinho de criar uma foto com todo um conceito (no caso algo relacionado ao livro). Muito amor <3
Mayara Vieira
Ainda não conhecia, mas me interessei em ler <3
http://www.mayaravieira.com.br
RUDYNALVA CORREIA SOARES
Jade!
Gosto muito quando a ambientação se dá na primeira guerra (mesmo que aqui seja apenas uma parte do livro) e gosto ainda mais quando tem cartas no enredo, elas são reveladoras e guardam segredos do passado que ninguém se preocupa em vasculhar.
Deve ser um livro mais que emocionante.
Os livros da editora são sempre um arraso.
Bem quero embarcar nesses trilhos e curtir a viagem nas folhas do trem, deverá ser emocionante.
Desejo uma semana carregadinho de luz e paz!
“ Inteligência não é não cometer erros, mas saber resolvê-los rapidamente.” (Bertolt Brecht)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA novembro 3 livros, 3 ganhadores, participem!