Além das leituras que faço para as parcerias editoriais e, é claro, os livros desejados, há também os clubes do livro que participo. E nesse clube, A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil foi o escolhido quanto o tema era sci-fi.
Publicado pela Darkside Books com uma capa belíssima, o romance de estréia de Becky Chambers é considerado um fenômeno no nicho. A publicação da obra só foi possível por meio de uma campanha no Kickstarter – um tipo de investimento coletivo. Ao ser lançada, a obra conquistou a crítica especializada e os fãs do gênero. Também foi indicada a grandes prêmios como o Arthur C. Clarke Award e o Hugo Award.
Do chão, nós nos erguemos; Nas nossas naves, vivemos;
A Longa Viagem a um Pequeno planeta Hostil é uma obra orgânica. Não é a história de um único personagem, mas de vários. E juntos eles se complementam, se integram, compõe um um universo multicultural. Você vai querendo ler uma obra de ficção científica e acaba, por tabela, refletindo sobre temas como aceitação, preconceito, poliamor, a força feminina, o que é a família e amor.
O que move a narrativa é a construção de um túnel espacial que fará com que um pequeno planeta (vide o título) participe de uma aliança galáctica. A responsável por executar esse furo é a nave Andarilha, uma nave com uma tripulação já veterana no tipo de serviço. Os nossos personagens? Seus tripulantes.
[citacao fonte=”A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil” tamanho=”18″]As modificações corporais são sobre deixar o seu eu exterior em harmonia com o eu interior. Não que você precise das modificações para se sentir assim. No meu caso, gosto de decorar minha pele, mas meu corpo já reflete quem eu sou. Porém, alguns modificadores vão continuar com essa transformação pela vida toda. E nem sempre dá certo. De vez em quando, eles fazem um grande estrago. Mas é um risco que você aceita quando tenta ser mais do que a caixinha em que nasceu. Mudar é sempre perigoso.[/citacao]
Temos personagens complexos, curiosos e tridimensionais. A nave abriga indivíduos de espécies, gêneros, credos e planetas diferentes. Temos uma piloto reptiliana, uma criatura mística e pouco sociável, um médico e cozinheiro de gênero fluido, que transita entre o masculino e feminino ao longo da sua vida.
Muitos momentos enquanto eu lia, me via parada olhando pra parede pensando em como tudo aquilo é sensacional. É porque tem livros que fazem isso com a gente, não é verdade? Nos fazem ter que interromper a leitura para pensar em como é incrível e como você tem sorte de poder está ali, vivendo aquele momento de apreciação.
[citacao fonte=”A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil” tamanho=”18″]Sempre pensara que a graça de ter filhos estava no prazer de trazer algo novo ao universo, transmitir o seu conhecimento e ver uma parte de si perdurar. No entanto, percebera que a vida no espaço preenchia essa necessidade. Tinha uma tripulação que precisava dele, uma nave que continuava a crescer, túneis que durariam por gerações. Para ele, já bastava.[/citacao]
Nas estrelas, sonhamos;
A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil é uma das edições mais bonitas da minha estante. Imagina a minha felicidade ao descobrir que na capa, onde é o universo, tem uma camada de glitter para simular as estrelas? É claro que eu cai mais de amores do que já estava!
Contudo, porém, entretanto e todavia eu vou bater numa tecla que eu venho falando da Darkside a um tempinho: diagramação interna.
Eu não sei vocês, mas eu sou míope. E eu leio muitas horas seguidas.
Aí chegamos no miolo e nos deparamos com texto num tamanho minúsculo e com espaçamento super apertado. Eu me perdia nas linhas o tempo todo e precisava reler o parágrafo inteiro por conta disso. E, quando você lia por muito tempo seguido, era difícil evitar o cansaço dos olhos.
[citacao fonte=”A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil” tamanho=”20″]Se você quebrar um osso e eu já tiver quebrado todos os ossos do meu corpo, isso anula a sua fratura? Por acaso faz passar a dor, saber que eu sofri mais?[/citacao]
Entendo que fazer essas diagramações menores ajuda a cortar gastos de impressão (afinal, menos páginas!), mas já estamos aqui para pagar mais caro que o normal por uma edição diferenciada. Que que é um peido pra quem já tá cagado, não é não?
De qualquer maneira, independente da diagramação essa obra é pura arte. É deliciosa e merece ser lida por todo e qualquer fã de ficção científica. E até quem nem é tanto assim mas curte umas boas relações intrapessoais.
[ficharesenha]