Como já disse anteriormente, 2017 foi o ano em que me permiti stalkear alguns autores em específico. Tendo lido Caixa de Pássaros e amado, o novo lançamento de Josh Malerman, Piano Vermelho, entrou nos desejados. Quando comprado, pulou toda e qualquer fila de espera.
Dessa vez, ao invés dos nossos protagonistas verem algo aterrorizante, eles ouvem.
[citacao fonte=”Piano Vermelho”]Ele acha que está ouvindo o acorde de novo, uma tríade de notas não naturais e não musicais. Tocadas por uma mão com apenas três dedos, cada um com uma única finalidade: tocar, pressionar, aquela nota, aquelas três notas, três semitons, o som doentio de um músico enlouquecido (…) [/citacao]
O deserto não estava em ordem cronológica
Já vou começar avisando que eu amo a narrativa do Malerman. Adoro como seus livros são dinâmicos, com conversas inteligentes e rápidas. Contudo, dessa vez o conteúdo em si não me instigou. Ler Piano Vermelho foi como ler uma versão alternativa e muito mais fraca de Caixa de Pássaros.
A narrativa acompanha Philip Tonka e sua banda, os Danes. Sendo um grupo de ex-militares que, ao se aposentarem da guerra, iniciaram uma banda que já está sendo esquecida, eles aparentemente são a melhor escolha para um trabalho do governo. A proposta é que eles façam uma viagem a um deserto na África. O objetivo é investigar a origem de um som desconhecido que carrega em suas ondas um enorme poder de destruição.
Seis meses depois, Tonka está no hospital, em coma e se recuperando do que parecia lesões impossíveis. Cada osso do seu corpo foi fraturado, mas além de ter sobrevivido o músico ainda se recupera em uma velocidade inexplicável.
[citacao fonte=”Piano Vermelho”]Algumas culturas acreditam que, ao tirar uma foto está determinando que aquele período, aquela fase, acabou. Então, se vocês gostam da sua vida tal qual ela é, podem começar a lamentar, porque de agora em diante será tal qual ela foi.[/citacao]
Preso no meio de uma série de conspirações, o governo tenta pressionar Philip a contar o que realmente aconteceu no deserto. Afinal, ele aparentemente é a única pessoa capaz de dizer o que o som realmente era. Mas, principalmente, e o que aconteceu naquela semana em que um esquadrão inteiro foi investigar e apenas um voltou.
Alternando entre os acontecimentos do deserto e o que Philip fará a seguir, entrar no ritmo do livro é fácil. Li a obra em algumas poucas horas, sedenta para descobrir o que aconteceria a seguir. O grande problema é que era impossível não comparar e encontrar várias semelhanças com a obra anterior. Sem contar que mesmo que algumas justificativas “servissem”, não eram tão convincentes.
É alguma coisa. […] É uma sombra sangrando.
Mesmo que o desfecho não tenha sido meu preferido e, ao dar um tempo maior da leitura para análise, eu tenha identificado várias falhas, não sou capaz de falar mal desse livro. Talvez porque, na premissa de entretenimento, Josh Malerman saiba muito bem como agir.
Mas, principalmente, pela qualidade gráfica da obra.
[citacao fonte=”Piano Vermelho”][…] é o homem em um ciclo, de novo e de novo, acreditando que cada revolução é mais ampla, abrangendo um novo território, significando mais que a anterior. Não é verdade. Philip entende isso agora.[/citacao]
Ter Piano Vermelho em mãos foi ótimo. Cada parte da obra compunha uma experiência. A texturização das páginas, o detalhe do início de cada capítulo ter uma página em preto… O espaçamento das letras e frases. Tudo isso é muito importante no conjunto.
Eu sempre falo desse detalhe nas minhas resenhas principalmente porque, acredito, que esses detalhes mereçam tanta atenção quanto à história em si. É incrível ver uma editora se preocupar e trazer um trabalho de tão boa qualidade. Principalmente quando não se trata apenas de capas. O conforto do leitor é realmente importante para mim e esse livro colabora em todos os aspectos para uma leitura imersiva e de longas horas.
[ficharesenha]