Apesar de ter acompanhado a grande comoção nas redes sociais por O Príncipe Corvo, não fui uma das pessoas que o compartilhou. Romances de época não são exatamente meu maior interesse. Romances de época hot então… são sempre uma aposta de risco.
Faz muito tempo que a literatura hot me decepcionou. A meu ver, a história se tornou apenas um detalhe para na verde se focar em escrever pornô.
E aí veio O Príncipe Corvo e fez eu morder a língua e lembrar dos primeiros que li e me apaixonei.
É que na narrativa de Elizabeth Hoyt temos uma história e as cenas de sexo são consequência. Porque, olha só, pessoas adultas transam. Surpresa!
E não só isso, mas a história aborda temas feministas de maneira muito sensata numa história de época. E eu amei isso de tantas maneiras que eu não consigo nem ter palavras para descrever. Mas vou tentar meu melhor.
O papel da mulher na sociedade
Anna Wren está longe do estereótipo de protagonista passiva e iludida. Após seis anos do falecimento de seu marido por uma moléstia, ela precisa de uma maneira para sustentar a família composta por sua sogra, uma jovem ajudante e Anna. Contudo, estamos numa cidade interiorana no ano de 1760 e não é socialmente aceitável que uma dama trabalhe.
E, apesar de Anna ter conhecimentos de línguas, caligrafia e outros nem tão comuns para uma mulher, o preconceito dificulta sua busca. Como uma última opção, ela descobre que o Conde de Swartingham está a procura de alguém para transcrever suas anotações. Seria uma espécie de secretária para a época.
Edward Swartingham, o conde, é um trintão que vive isolado do pequeno vilarejo. Graças a seus trejeitos grosseiros e mau humor, não consegue manter os secretários que contrata. E, apesar de certa resistência, aceita testar trabalhar com Anna, descobrindo que ela lida muito bem com sua personalidade intempestiva.
[citacao fonte=”O Príncipe Corvo”]Eu estou em você, e você está me segurando. Não tem como voltar atrás neste momento.[/citacao]
Por se tratar de um romance erótico, temos aqui o nosso casal. A atração entre os dois é imediata, mas camuflada. E uma das coisas mais interessantes durante a narrativa é como eles não seguem o padrão de beleza que estamos acostumados.
Anna é considerada como uma moça discreta, comum e sem grandes atrativos, apesar dos lábios que atraem o conde desde o primeiro segundo. Já o Conde possui diversas cicatrizes de varíola pelo rosto e pelo corpo, o que afeta muito sua autoestima. Sem contar que sua primeira esposa, forçada a casar com ele, o repugnava por sua aparência. Porém nossa protagonista, muito aquém das futilidades das damas da época, pouco parecia se importar.
A história tem sua principal crítica social desenvolvida quando, enquanto mexia em algumas coisas no escritório do Conde, Anna descobre que ele frequentava assiduamente um bordel de luxo. Em sua mente, um questionamento surgiu: Por que um homem pode se satisfazer em locais como esse e uma mulher como ela, viúva, deve se resguardar pelo resto de sua vida?
E aí ela descobre que não precisa.
Fazendo pergunta para as pessoas certas, nossa protagonista descobre que este bordel também aceitava damas. E que elas inclusive tinham o poder para escolher o homem que queriam em suas camas, lordes, jovens, etc.
De maneira velada e discreta, Anna decide ceder a seus desejos. Planejando para visitar o lugar no mesmo dia que o Conde, ela o escolhe para ser seu parceiro sem que ele saiba.
Alguns aspectos técnicos da narrativa
Sendo o primeiro livro da Trilogia dos Príncipes, O Príncipe Corvo me fez entender porque Elizabeth Hoyt é uma das autoras mais amadas do gênero. Todos os três livros serão lançados pela Editora Record e podem ser lidos de maneira independente.
Mesclando bem o romance com cenas de comédia e drama, você se sente lendo uma grande novela de época. E ao menos eu não consegui largar a leitura depois de um certo ponto. A narrativa é bastante leve e fluída,o que facilita a imersão na história.
Quanto às cenas hots em O Príncipe Corvo elas são bem descritivas. Se você é o tipo que gosta de cenas mais lúdicas, talvez essa não seja uma obra para você. Mesmo que Hoyt seja criativa na escolha das palavras e fuja do vulgar, temos longas cenas de sexo. E sexo real, não aquela coisa romantizada e irreal. (Ponto).
Por fim, no início de cada capítulo temos a narrativa de uma pequena fábula que dá nome ao livro. O Príncipe Corvo é um livro que Anna Wren lê enquanto trabalha com o conde e lembra um pouco o clássico da Bela e a Fera, criando um contexto interessante para a nossa narrativa.
[ficharesenha]
Carol Sena
essa capa já e uma lindeza a parte né, eu amei a sua resenha, mas tenho um bloqueio com romances de época sabe. Mas amo o fato de em uma época tão difícil e complicada para as mulheres conseguem fazer personagens feministas e cheias de atitude, vou ler sim! Resenha ótima!
Blog Entre Ver e Viver
Jade Amorim
Carol SenaCarol, eu também tenho um certo bloqueio com esse gênero por causa da personalidade feminina, contudo eu adorei a narrativa da Hoyt, tanto que até solicitei o segundo livro dessa trilogia e espero gostar tanto quanto este!
Simone Benvindo
Não é meu tipo de leitura favorito, mas gostei da sinopse e da sua resenha. Acho que os livros independendo do estilo podem nos surpreender. Beijos
Charme-se
Jade Amorim
Simone BenvindoSimone, concordo exatamente com esse pensamento, por isso leio absolutamente de tudo! ♥
Vanessa
Que bacana! Eu NUNCA leio literatura erótica porque sempre imagino que nao terá história, será apenas sexo. Mas fiquei super empolgada com esse livro, porque no caso dele há uma história a ser contada de verdade, além de abordar um assunto super interessante, que é a mulher na sociedade.
Jade Amorim
VanessaVanessa, de fato ultimamente a literatura erótica está bem assim, mas tem uns que são realmente ótimos! ;D
Mari Dahrug
Não conhecia ainda,mas adorei a dica. Normalmente não curto tanto romances de época também,mas alguns chamam a atenção.
Beijos
Mari Dahrug
https://www.rabiskos.com.br/
Jade Amorim
Mari DahrugExatamente, Mari. Não devemos ter preconceito com nenhum tipo de história, todo gênero tem algo incrível para nos oferecer.
Maria Rosangela
Adorei!!!
Estou amando ler os seus posts, são muitos bons mesmo, quase todos os dias estou acessando o site para ver se tem novos posts, estou amando..
Parabéns!!!
Jade Amorim
Maria RosangelaFico feliz que esteja gostando, Maria. Espero te ver mais vezes por aqui. 🙂
RUDYNALVA CORREIA SOARES
Jade!
Já gostei porque é um romance de época.
A capa está linda!
A varíola arrasou muitas famílias na época e deixou muitas sequelas.
O Conde Eduward tem vários motivos para ter seu humor alterado, temos de entendê-lo.
Ana parece uma protagonista forte, que não se entrega as ‘dores’ e sofrimento e vai em busca de resolver seus problemas.
Bom ver que o livro apesar do que é esperado, traz muitas novidades.
Adoro quando os livros trazem esse lado mais aprimorado sobre a personalidade das personagens.
O bom de ler um romance é justamente o prazer que ele nos dá.
Já nem gosto muito de ler sinopses mesmo, as vezes são enganosas.
Adorei!
“É melhor saber coisas inúteis do que não saber nada.” (Sêneca)
Cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA DE OUTUBRO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
Jade Amorim
RUDYNALVA CORREIA SOARESRudy, exatamente esse o pensamento. Eu até pesquisei como ficava as cicatrizes de variola, e adorei o background da história. Fico feliz que tenha se interessado pelo livro. <3