Atenção: o texto abaixo contém palavras fortes e que podem ferir egos mais frágeis. Felizmente, eu não me importo. Se você acha ruim, a porta da rua é serventia da casa. Não serão aceitos comentários machistas, misóginos ou hate. Não perca seu tempo me xingando, vai entrar pro mural de prints. 🙂
Tenho 22 anos e os jogos estiveram na minha vida desde que me entendo por gente. Não, nunca ganhei um console, não zerei Mario no meu Nintendo 64. Videogame não era coisa de garota, preferiam me dar bonecas.
Todo contato que tive, até o momento em que ganhei meu primeiro megadrive aos 10 anos, foi indo na casa dos priminhos. Eu tinha mais interesse nos jogos do que em pessoas. Mesmo não tendo o digital, sempre gostei dos de tabuleiros, criar histórias (alma de RPGista?), como as histórias se encaixavam, os puzzles e estratégias. Ficava encantada pelas mesas de fliperama, mas aff, sai daqui guria a gente tá jogando.
Aos 12 conheci meu primeiro MMORPG (Massive Multiplayer Online Role Playing Game), R.O.S.E. Joguei por cinco anos num servidor pirata BR. Matava aula e ia para a lan house escondida, pagava as horas deixando de comprar o lanche no recreio (mãe, se você está lendo isso lembre-se que eu estou me formando na Federal e minhas notas sempre foram excelentes, te amo). Conheci dois namoradinhos assim, um deles ficou comigo por dois anos e meio.
Claramente eu não tinha maturidade para entender o que acontecia por eu ser uma garota que jogava. Não entendia porque os caras ficavam tão chocados. “Mas é uma garota de verdade?”, eles perguntavam. “CARALHO MANO EU NÃO ACREDITO QUE É UMA MINA PUTA QUE PARIU”, outros diziam (partidinha de League of Legends, essa pérola aí).
O ambiente muda. É sério.
Ow ow, não fala palavrão não, tem uma mina aqui véi… Foi o que eu mais escutei nas primeiras vezes que entrei num TeamSpeak. Ué, caralho, que que tem a ver eu ser uma mina? Eu não me importo… eu respondia, lá nos meus 15 anos de idade.

Dizem que as mina que quer atenção dos macho pra ganhar as coisas nos jogos. Este é o aviso que eu PRECISO ter no meu mural da Steam de tão insuportável que é a chuva de invite e cara assediando.
Eu não gostava, sabe? Ser tratada diferente por ser uma mina. É que os caras que queriam me tratar bem quando me conheciam porque eu era uma garota, eram também os primeiros que me xingavam quando eu não mandava uma foto, ou não correspondia suas ilusões. Ser uma garota num ambiente de jogos atrai dois tipos de player: o que vai te mandar voltar pra cozinha e o que vai querer te impressionar.
Eu vou falar mais de MMO aqui, porque é a plataforma em que mais se faz uso do conceito progressão. Você joga, por muito tempo, com a mesma comunidade. O TeamSpeak geralmente é obrigatório (então não dá para esconder que tu é mina), e é ali que merda toda rola. De todos os MMOs que existem e eu já joguei, creio que tenho mais liberdade para falar do TERA, um f2p que jogo desde final de 2013 e desde que ele chegou na Steam (15 maio 2015) tenho 4 mil horas e contando. Deu pra ouvir bastante absurdo nesse meio tempo.
O preconceito, machismo e misoginia tá presente nessa comunidade do mesmo jeito que qualquer outra. Não é nada diferente da mesa de RPG em que o cara queria dar uma skill pro char dele em que ele ganhava determinados poderes pegando nos peitos da minha personagem (Fiz um male, ele ficou frustrado), ou dos MOBA, ou dos FPS, etc etc etc.
O TERA, para quem não conhece, é um jogo feito de seasons. A cada seis meses o jogo atualiza com novas dungeons e equipamentos mais fortes. Aí você tem que aprender as novas dungeons e “farmar” os novos sets. Como é algo que acontece apenas a cada seis meses, não é exatamente algo rápido de conseguir. E um dia eu consegui, não só fazer a arma mais forte, como encantá-la ao máximo. Mais ou menos na mesma época tinha comprado, com gold in game mesmo já que ele é totalmente free to play, um costume novo, uma montaria nova…
De repente o rumor: estava rolando um boato na minha guild que eu estava sendo bancada. Aparentemente, ao contrário de todo o resto do servidor, por ser mulher eu era incapaz de farmar meus itens. Eu precisava ser sustentada por macho. Obviamente, em troca de um ERP (erotic roleplay) ou uns nudes. Meu amigo, coitado, sofria de tabela, pois era chamado de escravoceta só porque jogava comigo.
Como nessa época eu já tinha oito anos de MMO nas costas (vulgo: jogava a mais tempo do que a maioria que fala isso sabia bater punheta), já não tinha paciência para ouvir esse tipo de coisa. Nesse dia eu juntei o TS inteiro e deixei bem claro que não admitiria que falassem algo do tipo, porque eu não só era perfeitamente capaz de fazer o conteúdo do jogo, como eu conseguia farmar meu gold muito bem e não precisava de ninguém pra me sustentar. Que, se alguma vez alguém me deu alguma coisa, era porque era meu amigo, e eu dei presentes de volta. Se seu amigo te empresta gold ou dá presentes e tu é macho, é broderagem, paga quando der. Se o cara empresta gold ou dá presentes e tu é mina, hmmm… “será que se eu pedir ele me envia os nudes dela?”.
Não tem nada mais frustrante do que você dedicar centenas/milhares de horas da sua vida para conquistar algo e escutar que o que tu tem é porque algum cueca te deu em troca de foto de peito. E não tem nada mais irritante do que escutar pessoas falando mau dos seus amigos só porque eles andam contigo e bom… agem como amigos.
Vai se foder.
A essa altura do textão, vocês já devem ter notado que eu não sou exatamente o tipo mais doce de garota. Não que eu não seja feminina, ou não seja legal, mas porque eu não tolero gente sendo babaca comigo. Aqui você dá uma e leva duas, a extra é cortesia da casa. Aí a gente se depara com outro tipo clááááááááááásico de macho em joguinho: os do coração partido.

Este é um dos meus print mais recente. Este jovem que eu não faço ideia de quem é me adicionou no Discord, aceitei por achar que poderia ser algum amigo perdido de outro jogo. Ele me mandou uma mensagem, não respondi de imediato, e logo veio com esse chorume. Claramente não passou pela cabeça dele que eu tenho uma vida e não estou sempre disponível pros outros.
Cê troca de guild, ou a um cara novo entra na sua guild, escuta sua voz, vê sua foto de perfil, manda aquele inspect no seu personagem e descobre que tu é equipada até o talo, fica “uau num creio seria essa a garota gamer dos meus sonhos” e vai bater papo contigo. Como não há razões para destratar o moço, tu responde ele numa boa, faz grupo pra ir nas dungeons.
Eu não sei vocês, principalmente se você for uma garota, mas chega uma hora que a gente sente quando a atenção tá um pouco demais. A pessoa fica querendo te impressionar, cobrar atenção, quer grudar contigo. E não funciona, porque tu tá ali pra jogar, não pra dar atenção pra homi.
Eu não posso dar muita informação sobre o que acontece a partir de agora. Afinal, eu sinceramente não consigo entender o que passa pela cabeça dos caras nesse momento. Mas é o seguinte: uma hora eles notam que você não vai ser a próxima namoradinha gamer deles.
E eles ficam putaço. Porque nada mais frágil que ego masculino. Principalmente de homem nerd, que acha que tem que reinar no seu nicho que nem macho alfa porque é “mau visto” pelo resto da sociedade (mais informações nesse artigo aqui).
De repente os cara que estavam te incomodando de tanto que te babavam o ovo, estão te xingando sem razão. Já aconteceu de alguém pedir informação no grupo no jogo no Facebook, eu ir ajudar, e um aleatório começar a me xingar. Eu era a puta. Vagabunda. Desgraçada. Nojenta. A rainha dos meus estravocetas que me sustentam.
E eu não fazia ideia de quem o cara era.
Eu não fazia ideia de quem era o maluco, mas ele tava muito bravo comigo. Fui acionar meus contatos, descobri que era um player de outro servidor que eu joguei por um tempo. Fiquei horas pensando, me questionando. Mandei mensagem para todos os meus amigos. Descobri o nick dele, lembrei da guild. Era apenas um dos caras que tinham dado em cima de mim e eu não tinha dado moral.
E aí entramos no maior dilema: se você dá bola pros cara que tu conhece ingame, tu é a vagabunda sustentada que reina nos escravocetas, mas se você não dá a atenção que eles querem você também é uma vagabunda otária e esnobe. Ué. Decide aí colega.
Mas é claro que nem tudo está perdido, afinal, eu não teria jogado por tanto tempo não tivesse conhecido pessoas legais para me acompanhar nessa jornada pokémon, não é? Existem pessoas muito legais e que estão no meu coração e jogam comigo todo o dia, não só o TERA.
Acho que a grande moral dessa história toda é deixar claro que ser tratada diferente em jogo porque tu é mulher é um saco. Seja no aspecto negativo ou no “positivo”. As pessoas que jogam comigo não se importam se eu sou uma garota, um cara, um cachorro, um cavalo, um digimon ou um vorgon… desde que eu não jogue que nem um bot. Como diria um dos meus queridos amiguinhos:
Até onde sei todo mundo joga com a mão, não com a buceta ou o pau.
E mão todo mundo tem.
Mandy
Eu sempre joguei videogame ou jogos de tabuleiro desde que me entendo por gente, nunca fui muito fã de bonecas ou certas brincadeiras de meninas, achava a maioria muito sem graça e parada demais. A única hora que brincava de bonecas era pra dar banho nelas, pelo simples fato de que iria brincar com água haha. Já tentei jogar alguns jogos online, tipo gunbound quando eu tinha uns 15 anos, mas não rodava no meu pc, depois acabei desistindo de jogos online, e optei pelos tradicionais. E sim, mesmo não sendo online também já escutei coisas do tipo “não é jogo pra mulheres”, quando eu comentava que jogava o F.E.A.R., por exemplo, claro que não chega nem perto do que você deve ler nos jogos online.
beijos,
Mandy
deloucostodossomosumpouco.blogspot.com.br
Jade Amorim
MandyMandy, sou muito parecida contigo nesse aspecto, apesar de que gostava de brincar de bonecas porque sempre gostei bastante de criar histórias (apesar de sempre ter criado umas histórias meio loucas e nada tradicionais). Os jogos offline de fato você não tem que lidar tão diretamente com a comunidade, mas há esse machismo em tudo quanto é lugar. É um saco, não? 🙁
Gislaine
Eu salvei esse post ou ele me salvou? Já joguei um pouco de TERA mas, por algum motivo, ele sempre buga no meu PC aí eu desisto. No entanto, jogo em consoles desde que me entendo por gente e há uns quatro anos comecei a jogar lol também. E a pior coisa do lol é que você não pode ter um nick feminino senão ou os caras trollam (se você tá adc eles pickam adc pra te obrigar a ir suporte, porque é a única lane que as mina podem jogar) ou te mandam ir lavar louça se você está num dia ruim ou te adicionam e te assediam se você carrega. É insuportável! Tenho até me afastado um pouco dos games por isso…
Paraíso da Leitura
Jade Amorim
GislaineGi, o TERA é um jogo meio antigo e pouco otimizado, ele consome bastante RAM então se você não tiver uma RAM de 6GB no mínimo e estiver com tudo fechado ele pode dar umas travadas meio cabulosas mesmo. rs
Eu nunca fui de jogar em console, até tem um ps3 na casa dos meus pais, mas meu irmão se apossou dele e nunca quis exigir meus direitos. Me acostumei tanto a jogar pelo teclado que prefiro comprar jogos na STEAM e ele fica com o video game. Não consigo me adaptar ao joystick direito (jogos que exigem ele, inclusive, me são um sofrimento!).
E lol eu joguei por muitos anos também e acho a comunidade um câncer, em geral sabe? Independente de tu ser mulher ou homem. Claro que se tu é mulher isso piora exponencialmente, mas desanimei horrores de moba por causa disso. Jogo agora só casualmente com meus amigos mesmo, e muto todo mundo porque ~não sou obrigada~. hahaha Inclusive, se quiser jogar algum dia desses, me chama! ♥
Gabriela
Acabei de ler a história da minha vida, pena que não foi uma história bonita. Mas é isso aí mana, macho nunca tá satisfeito. Esqueceu de mencionar que se tu é mais foda que eles no pvp então você é hacker, já escutei bastante também. Ou então se você está começando e faz um erro tem o clássico “tinha que ser mulher”, até porque macho já nasce sabendo tudo, né? Enfim, machismo não existe, feminismo pra quê? #sarcasmo
Em termos mais alegras, nunca joguei TERA mas curti o que você falou dele. Já joguei PW, Grand Fantasia e mais alguns que não lembro o nome xD Queria pegar um pra sossegar minhas horas, vou ver se rola com TERA. Quem sabe a gente se vê por lá. ;D
Beijitos
Jade Amorim
GabrielaOi Gabi, tudo bem? Eu não sei se fico feliz por ter gente que se identifica com essa história ou triste por saber que existem outras pessoas que passaram por coisas que passaram por algo que não desejo para ninguém. De fato não mencionei sobre esses dois aspectos porque, cá entre nós, esse texto já tinha 1600 palavras e peloamordedeus tem que ser muito guerreiro pra ler um textão desses né não? Mas isso é verdade, se tu joga melhor que a pessoa, que cheat tu tá usando e se tu comete um erro que bom, todo mundo comete em algum momento, “aff, minha idiota, sai daqui”. Eu nunca joguei PW, mas joguei Grand Fantasia por muito tempo, inclusive, se tu quiser jogar TERA, venha! ♥ Meu servidor é o Mount Tyrannas, e eu tenho código de buddyup, aí se tu criar seu char me avisa que te passo o código, aí você ganha alguns benefícios de up. Se quiser mesmo me manda uma mensagem através ali do formulário de contato ou me adicione nas redes sociais, minha Steam é @jadeafranco . 🙂
Marcela
Eu sou BEM soft gamer, então nunca joguei nada que demandasse TeamSpeak. Nas coisas que eu jogo eu só sou de boas e já parto do princípio que todo mundo acha que na real eu sou um cara. Mas já rolou tensão ao vivo por causa de amigo querendo fechar guild/mesa e torcendo o nariz pra mim e pras outras minas que queriam jogar. Não conseguiram fechar mesa até hoje, hue.
Jade Amorim
MarcelaCela, acredito que quanto mais deep você vai nesse universo, mais você sente na pele, e ao contrário de você eu não escondo meu gênero. Não saio anunciando, obviamente, mas falo no feminino e etc. E sim, tem alguns caras que ficam meio revoltadinhos que “ain não quero mina”, como se fossemos menos capaz, ou pior, correndo o risco de ser melhor. rs
Stephanie Ferreira
Nossa Jade bate aqui Estou neste mundo de games online a vida inteira e já sofri horrores só por ser mulher, hoje em dia só jogo Runescape, meu jogo favorita da vida… Então depois de 10 anos no mesmo lugar, as pessoas passam a te respeitar mais, mas veja só… 10 anos! Se eu fosse homem, não ia precisar de dias… Foda né 🙁
Jade Amorim
Stephanie FerreiraPois é Steh, a gente tem que brigar pelo nosso espaço e para conseguir um pouco de respeito, não é? Enquanto isso pros cara é algo simplesmente normal. Acho isso o fim, me deixa muito revoltada!
Rafah-chan
Eu sou bem nova nesse mundo gamer, digamos assim, o jogo que mais jogo é LOL e vou falar, mesmo nesse pouco temo (1 ano e pouquinho) eu já escutei várias coisas também, cheguei até a levar bani por ser mulher .-. E o mais engraçado é que nunca desrespeitei ninguém, as vezes chama atenção de alguém, mas nunca faltei com respeito, só queria ajudar ele e o time, ai o que eu escutada de resposta? “Quem você pensa que é pra me da ordens” “volta pra cozinha” “vai brincar de boneca”. Sem contar é claro, daqueles que quando descobre que você é menina já vem querendo algo, como você disse, aquela atenção exagerada.
Outra coisa é que eu comecei a fazer curso de gamer e designer e quando falo pra alguém que faço esse curso o povo já vem “nossa, você ta fazendo isso” “nossa nunca vi uma menina gosta desses curso” “Você tem certeza que você quer isso?” pô eu não posso fazer o que eu gosto? N~~ao posso jogar nem trabalhar com games por ser garota?
Infelizmente esse tipo de coisa me desanima bastante, mas eu não vou parar de jogar nem desistir do meu curso por causa disso, pois tem muita gente bacana que não te trata diferente por ser menina C:
Cai meio de paraquedas Aqui Ahsuashu’ Adorei seu blog♥
Bjs ♥ Marshmallow Kawaii Desu
Jade Amorim
Rafah-chanRafah, é bem ridículo essas comunidades. Inclusive o lol pra mim é uma das mais tóxicas que existem no mundo dos games (sendo mulher ou não, mas claro que se você for mulher piora). É triste mas o que tu me relatou é o padrão de qualidade desses ambientes mesmo, você não precisa desrespeitar ninguém, eles simplesmente NÃO ACEITAM ter uma mina ali, ainda mais se ela for melhor que eles.
E sim, o mercado pra quem trabalha com games também é cheeeeio dessa nuvem de preconceito, até de quem é de fora e estranha quando a gente diz que mexe com isso né? Mas não desanime não, nas porrada a gente vai educando esse povo, e uma hora tudo melhora.
Fico feliz que tenha gostado do blog, espero te ver por aqui mais vezes.
Bianca Pereira
Já faz uns 7 anos que eu não jogo MMORPG’s pra valer e eu JURO pra você que eu pensava que essa babação de ovo que acontece com as mulheres gamers tinha diminuído/acabado. Na minha cabecinha, as mulheres já estão tão presentes nesse mundo quanto os homens e esse nível de machismo infantil dos jogos só ocorria de vez em quando com babacas esporádicos. Mas eu sou muito trouxa, né? AUIDHUAIDAHUI
Jade Amorim
Bianca PereiraPois é, Bianca, não acabou. Confesso que diminuiu bastante, quem mais sofre dessa síndrome é player novo, que tá entrando agora e vem com a cabecinha cheia de preconceitos e esteriótipos. Galera que joga a mais tempo costuma já ser mais de boas, exatamente porque tem MUITA garota jogando. Já cheguei, inclusive, a jogar em partidas (no caso de moba) e fazer dungeons (em mmo) apenas com garotas. <3
Contudo, entretanto, todavia, ainda temos um caminho muito árduo e longo pra percorrer. :c
Leslie
Minha mãe tbm nunca quis me dar um video game por que ela achava que isso era coisa de menino :,( e pior, meus priminhos sempre moraram em outro estado, então mesmo eu gostando muito acabou que eu jogava bem pouco, mas ainda assim sempre ganhava dos meus primos nos jogos, kkk.
É ridículo o preconceito que existe mesmo online, se a gente não é xingada, somos assediadas e vice e versa.
Eu ainda tenho a sorte de jogar video game com meu marido e ele ser muito respeitoso e gostar de ser casado com alguém que tbm gosta de games, haha.
Beijo, http://www.apenasleiteepimenta.com.br
Jade Amorim
LeslieLeslie, todos os meus relacionamentos também foram com pessoas que jogavam, então eu tinha companhia nesse período. Acredito que o cerne do problema está nos que estão começando nesse universo, que vem de uma criação machista e quando se deparam com garotas no mundinho deles não sabem lidar.
Em grupos sobre jogos, são sempre os mais novos que passam vergonha e disseminam esse tipo de comportamento. Muitos homens já conseguem entender que somos sim parte dessa comunidade e que não importa o sexo que temos. 🙂
kamii
Cada relato desses que eu leio eu só fico com mais raiva dos nerd hominho escroto! Gente, muita! Eu curto mais games de se jogar sozinha mas quando jogava MMORPG eu nunca ia longe porque não falava com ninguem, no max convencia meus tios a jogarem comigo
Continua arrasando e mostrando pra esses babacas que você é melhor que muitos deles!
Jade Amorim
kamiiAcho que a comunidade nerd é só um reflexo da comunidade em geral, não é? Não dá para esperar algo muito diferente deles, infelizmente. Apesar de eu gostar bastante de single player, eu sou de alma vendida pra MMO, não tem jeito. Não curto jogar sozinha e etc, enjoo fácil. Inclusive, se quiser companhia, estamos aí! 😛
Luana
Mulheeer como estou encantada com o seu blog, com os conteúdos e o visual.Simplesmente incrível adorei.E adoraria que desse uma olhada lá no meu blog♥
Beijos ♥
http://luhgarciablog.blogspot.com.br/
Jade Amorim
LuanaObrigada pelo carinho, Luana. 🙂
Carol Espilotro
Eu trabalho em uma multinacional de jogos e até o ambiente lá dentro pode ser machista apesar de toda galera mente aberta, e bom, sou uma das poucas garotas que tem por lá né. Mas nos jogos, eu sempre usei um nick neutro facilmente confundido com masculino e isso nao me causou problemas, quando entrava em guildas e etc, graças a deus, sempre tive boa recepção E MUITO respeito. As comunidades do jogos que saõ competitivos são extremamente tóxicos e não tem como do nada melhorar a comunidade, é um trabalho árduo que tem que partir mais deles do que das empresas (além do banimento), podemos dizer que mmo rpg é mais de boas, mas apesar das mulheres já serem literalmente quase mais da metade dos jogadores no brasil, quem somos nós né? Nunca sofri esse problema, justamente por causa do meu nick (que uso desde meus 11 anos), mas esse tipo de situação tem que expor mesmo. e ps: homens se sentem feridos por sermos melhores hahahaha
bjs, Carol | Espilotríssimo
http://www.carolespilotro.com
Jade Amorim
Carol EspilotroCarol, é impressionante como inclusive no mercado de trabalho ainda somos obrigadas a carregar essa estigma, não é? Os MOBAS tem a comunidade mais tóxica que eu conheço, e você nem precisa se assumir como mulher, é exatamente por isso que eu me afastei deles. De fato os mmos são melhores, principalmente porque você não é obrigada a jogar uma determinada partida com alguém né? Você pode sair ou ignorar a pessoa a hora que quiser. E sim, mesmo que sejamos já em peso nessa comunidade ainda temos que lidar com a fragilidade do ego masculino, principalmente quando é uma garota que se sai melhor que eles.
Apesar das empresas tentarem impedir esse tipo de comportamento, é como você disse, tem que partir muito mais dos players. Temos um longo caminho pela frente, esse é um boss difícil de derrubar. :c
Dan
Teu post é extremamente esclarecedor sobre o tema, inclusive mandei pra uma amiga que reclamava comigo bastante na época que jogávamos juntos. Ela sempre criava personagens masculinos pra evitar alguns assédios no jogo e quando passando a jogar LoL ela resolveu por um nick unissex. As pessoas criam estereótipos pra tudo nesse universo gamer, se você é menina tem que ficar atrás dos guris por itens, se é gay e joga com char feminino é pra ganhar itens também (uma vez me acusaram disso, sendo que meus jogos sempre foram com grupos de amigos formados, quase nunca interajo com pessoas que não conheço), e tem o caso de uns que não aceitam perder jogo pra gay, ficam extremamente revoltado. Enfim, curti muito ler tua explicação sobre ser uma garota gamer. Bons jogos (:
Jade Amorim
DanDan, fico feliz em saber que consegui passar um pouco da nossa realidade para um homem, que é quem temos sempre que nos esforçar para fazer compreender que isso existe sim (eles dizem, em sua grande maioria, que fazemos muito drama sobre o tema, porque né, caras não passam pelo o que passamos). Entendo completamente a realidade dessa sua amiga, e inclusive a sua. Já presenciei muitos amigos homossexuais meus passarem por esse tipo de preconceito, e é inclusive uma briga que compro bastante na comunidade. Acredito que, se você não é igual eles, sendo ou mulher ou homossexual e etc, esse aspecto preconceituoso surge rapidamente. Sinto muito que você tenha que passar por isso.Estamos na luta, todos os dias, para acabar com essa realidade para todos nós.
Marina
Menina, te entendo totalmente. Tenho a mesma história em relação a jogos, mas em vez de jogar MOBA e MMORPG, eu joguei FPS, nunca conheci uma única mulher que jogava FPS, e em uns seis meses jogando eu entendi porque. Eu tinha 14 anos na época, era inocente e não entendia nada do mundo, mas sinto nojo só de lembrar as coisas que eu lia e ouvia, dos players que descobriam que eu era menina. Era cada cara velho que se achava no direito de perguntar coisa de intimidade minha, só porque… bem, porque eu disse um oi no chat. E quando não era cara velho, era exatamente como você disse, eles veem (pasmem!) uma mulher jogando, e acha que aquela é a namorada perfeita pra eles. Só que infelizmente a gente tá ali pra jogar, e não arrumar namorado (também nunca consideram que você pode ser lésbica), e aí você começa a não dar bola, e o machismo rola solto. Eu sofria demais, e olha que meu nickname era um nome complicado, que só quem entendesse bastante de referência ia entender que era um nome feminino. Era Amaterasu, o nome da deusa do sol na mitologia japonesa, e na época Naruto não tinha chegado a usar ainda (ou tinha, mas tava bem no início e quem sabia que tem no anime pensava que era referência ao anime). Só que o pessoal do meu clã, que era uma molecada do meu bairro me chamava pelo nome nos chats, aí TODO MUNDO da sala começava a me pedir pra “provar” que eu era mulher mesmo. E só paravam quando algum dos machos do meu clã falava “é, é mulher mesmo, eu conheço”. E detalhe, ai de mim se estivesse jogando bem. Aparentemente na cabeça desses caras mulher não pode jogar bem FPS (eu sou bem noob, mas às vezes jogava bem quando tava inspirada). Depois do “é mulher mesmo” geralmente essas pessoas mandavam pedido de amizade e começavam a encher o saco no chat, se eu aceitasse. Parei de falar meu nome real quando o pessoal do clã não tava na sala, quando eu jogava com um cara maneiro, falava só que não gostava muito do meu nome e que podia me chamar de Amaterasu mesmo (algumas pessoas me chamavam de Amat, que era mais simples). TS era muito raro, porque toda sala que entrei o pessoal ficou mudo. Minha maior decepção em relação a isso foi quando um cara do meu clã, que não me conhecia, simplesmente parou de falar comigo quando descobriu que eu sou uma mulher. Detalhe: a gente jogava quase todas as partidas juntos, sempre que estávamos online, e conversávamos demais no chat; Pra mim não tinha mudado nada, mas nunca entendi o que aconteceu na cabeça dele, é tão difícil assim falar com outro ser humano, só porque ele não tem um pênis?
Eu tenho conta na Steam atualmente, mas não uso meu nome real e nem foto real. Faz tempo que não jogo jogo online porque meu notebook é muito ruim, mas se voltar a jogar sei que vou usar nicks tipo esse que eu usava. Sei que devia lutar por meu espaço, mas prefiro simplesmente jogar em paz fingindo ser um cara do que ter que ficar lidando com assédio e mimimi de macho escroto que não se enxerga.
E outra coisa (porque a lista de machismo nunca acaba) já teve que “provar” pra alguém que você gosta de games, falando sobre vários jogos que você jogou? Tipo, você fala “gosto de video game” aí lá vem o macho escroto com “já jogou super mario? jogou legend of zelda? Se não jogou tal jogo não é gamer de verdade”. Parece que, se você for mulher, tem que jogar 92439320 jogos pra se considerar “gamer”, mas se for homem, dizer a palavra já basta ¬¬
Limpei a alma aqui nos seus comentários viu? Obrigada pelo post!
Jade Amorim
MarinaEu não falei sobre FPS porque eu sou uma negação no estilo de game, me dá até tontura quando eu vou jogar FPS e detesto jogos em câmera de primeira pessoa (nunca consegui jogar Bioshock, por exemplo). Sei que a comunidade do FPS é bem tóxica, tanto quanto a dos MOBAs e infelizmente o que você delatou é um tópico clássico da coisa. Incrível como eles sempre pedem pra “provar” que tu é mina né? Tipo, que que você tem a ver com eu ser mina ou não? Que que você tem que provar pros outros sobre isso?
E sim, ego masculino é um negócio super frágil, porque eles não aguentam perder pra mina, sem conseguir entender que tanto faz se tu é mina ou não, tu não tá jogando com seu sexo. Infelizmente a gente acaba tendo que se “esconder” desses caras só por causa desse comportamento, inclusive eu me RECUSO a me esconder por causa de macho escroto.
E sobre ter que “provar” que você é gamer, acho que esse é o mais clássico de todos. Já passei por isso várias vezes e fico revoltadíssima quando rola.
Lídia Beatriz da Costa Munt
Eu adorei o seu texto e levarei ele como desabafo de praticamente todas as garotas que jogam jogos onlines.
Sempre quis jogar esses tipos de jogos, mas sempre escutava dos meus amigos que isso não era coisa de menina –‘
Hoje em dia, não tenho paciência para discutir com quem pensa desse modo!
Jade Amorim
Lídia Beatriz da Costa MuntLídia, muitas meninas de fato se identificam com toda essa história. Você mesma disse né que seus “amigos” diziam que não era coisa de menina, o que é algo super machista da parte deles! Espero que não tenha desistido de entrar nesse universo, o mundo dos games é incrível! ♥
Luciana de Andrade-Ciana Andrade
Eu nunca fui fã de jogos eletrônicos, no máximo jogo dominó.rsrs Mas acho muito legal menina que joga, e adoro quando elas ganham dos meninos. Meu filho já tentou me ensinar mas não deu muito certo, ele me deixa nervosa. Ele zera tudo, acabou com todos da época do playstation, e xbox ihh não quer mais, agora só joga on line.rsrs
Minha prima jogava muito, eu ainda peguei a época do Atari, que foi antes do nintendo. Eu acho que é em isso mesmo que você falou sabe, só acho que antigamente era pior o que falavam, hoje em dia usamos nick name e ninguém sabe quem está por trás das telas.
bjs
http://www.simplesmenteciana.com
Luana Kawamura
Infelizmente vivemos em um mundo onde as pessoas só querem cuidar da vida alheia, ainda mais se tu for mulher.
Muito comum em jogos de FPS, até que em MMO anda mais relax ‘~’
embora surja comentários do tipo ( sempre tem um escravoceta ajudando, quantos nudes você enviou por seus costumes? ) mesmo que eu tenha orgulho de nunca ter dependido de ninguém para ter o que tenho no Tera.
Antigamente eu dizia que era homem, até para evitar certos comentários, no Quake 3 arena ( jamais imaginariam ) que uma garotinha de 10 anos ( na época ) dava head shoot com a railgun ‘~’
Que alguém alcançou level 200 Red Ring PGF e todos os equipamentos top no Phantasy Star Online Blue Burst…e que esse alguém era só uma sem vida viciada ‘~’
Sim, o ( ‘~’ ) é minha assinatura, farei 17 anos este ano, ainda é difícil para mim lidar com as pessoas, muitos casos sempre veio alguém com segundas intenções.
Gostei de seu artigo e estarei seguindo seu blog, até por que sou muito nooba no pve, se possível traga mais guias das Dungeons atuais, seu que possa ser trabalhoso, afinal não é apenas redigir um artigo, mas também traduzi-lo (mesmo eu apenas interagindo com gringos 90% do meu tempo no jogo, sim sou half gringa kkkk ) meu inglês não é dos melhores e me perco fácil em textos longos de inglês.
Muito obrigada pelo seu artigo ‘~’
Kud – MT – Priest
Victor
Acabei de conhecer esse site/blog e simplesmente achei muito daora da sua parte expor isso pra fora e contar umas verdades que a “comunidade gamer” precisa ouvir/ler. Mas vou ser sincero contigo: quando eu tinha meus 13-14 anos eu era esse tipo aí. Tinhas aqueles sonhos de otakinho de que um dia iria conhecer a garota dos meus sonhos jogando video-game e que ela seria minha healer por toda eternidade. Era um negócio bobinho, funcionava mais como uma fantasia de adolescente a flor da idade, creio eu. Mas conforme os anos passaram eu fui percebendo que o mundo dos games é muito voltado mais pra homens e seus desejos sexuais do que para as mulheres – o exemplo mais escancarado disso são os MMORPGs, e não só por causa dos players, mas por causa até mesmo do próprio jogo. A mesma armadura em um personagem masculino e feminino são completamente diferentes. No homem cobre todo o corpo, dando aquele aspecto de Dark Lord, enquanto numa personagem feminina é quase que um sutiã e uma calcinha. WTF??
Agora estou pra fazer 19 e cara, sendo bem franco, não consigo jogar praticamente mais nada multiplayer. LOL, DOTA, COD, BF, SW e até aquele Player Unknowns Battlegrounds. Nada. Sou 99% voltado pros jogos single-player (Skyrim estará no meu coração pelo resto da vida), mas não apenas pelo desprezo aos games online. Sou um muleque que aprendeu a apreciar as histórias mais do que o resto, e isso não quer dizer não me derreto em gráficos, batalhas… Amo tudo num jogo, mas a história é o que me prende mais, Persona 5 me levou a outro mundo.
Mas voltando ao assunto, foi por causa dessas coisas em geral: machismo, preconceito, sexismo, misoginia, entre outros. Eu realmente não ligo mais se é homem ou mulher, eu quero jogar o jogo, evoluir nele e interagir com pessoas que buscam o mesmo que eu no game: se divertir, sendo homem ou mulher, gay, não importa. O 1% que resta é por causa do (acredite) “Creche” Royale kkkkkkkk meus primos, primas e irmãos jogam junto comigo, e me divirto pra um caralho zoando com eles no jogo. Não tem nada de assédio nem coisas do gênero entre a gente quando jogamos, e prezo isso demais. Fico feliz que alguém também pense assim e ainda sonho com o dia que a quantidade de pessoas com esse pensamento seja maior do que as outras no mundo online.
Jade Amorim
VictorVictor, tudo bem? Então, eu entendo o seu lado. Os nossos jovens e adolescentes são “condicionados” a esse tipo de identidade cultural. Estamos hoje num processo de desconstrução do que já foi criado em cima da gente, toda essa sexualidade usada para vender games e etc. Eu mesma, como acho que expliquei muito superficialmente no post, tive esse processo de reconhecimento do que acontecer comigo, de conscientizar da gravidade e criar uma postura mais combativa. É um processo.
Sei bem como você se sente em relação a games offline, se você parou um pouco para ler os outros comentários, tem muita gente relatando algo parecido. Os games que deveriam trabalhar a nosso favor e ser um ambiente inclusivo, acabou sendo mais um veículo de disseminação dessa onda de ódio que estamos vivendo.
Também espero que possamos superar isso o quanto antes e que a toxidade perca cada vez menos força.
João F
Caralho, foda demais o seu texto