Vou te falar uma coisa muito séria: autoestima é construída, e é um castelo muito frágil.
Quando a gente cresce sendo tratado mal por conta da aparência, por não se encaixar num determinado padrão, esse castelo não passa de um terreno cheio de mato. Você consegue se olhar no espelho e se sentir gorda e horrível pesando 50kg.
Por consequência, a gente se enfia numa série de relacionamentos abusivos com caras que não nos respeitam, porque a gente não se respeita também. Na nossa cabeça a gente tem é sorte de ter alguém que queira ficar do nosso lado sendo do jeito que somos, tão horrorosas, e quando somos tratadas mal, nos convencemos de que é o que merecemos, e que de alguma forma a culpa é nossa.
Mas aí chega um momento da nossa vida, e esse momento precisa chegar, em que caímos na real. Muitas vezes é quando perdemos alguma coisa que para nós é muito valioso, seja alguém, algo ou até mesmo nós mesmos.
Quando eu cheguei neste momento da minha vida, comecei a me enfrentar, a me olhar no espelho, a me concentrar em coisas que eu gosto e nas coisas que eu não gosto. Não gosto? Ok, o que eu posso fazer para mudar? Não adianta só não gostar e ficar esperando que alguma mágica aconteça e o incômodo desapareça.
Aos poucos fui construindo minha autoestima, arrancando as ervas daninhas que cresciam no meu terreno, empilhando as pedras para construir esse castelo. A gente vai aprendendo a gostar de si mesmo, entende que somos autossuficientes e que é preciso se amar, porque ninguém mais vai. Não é fácil, fazer isso não tem uma fórmula certa, é num método completo de tentativa e erro, você vai colocar três pedras e vão cair duas.
Hoje eu peso 65kg, e eu me sinto muito mais bonita do que eu me sentia quando eu era 15kg mais magra, porque o jeito que a gente se enxerga é construído. O que vemos no espelho é o nosso amor próprio, então não vai importar se você pesar 70kg ou se você pesar 40kg. É entender que tu pode até querer estar mais magra, que pode “melhorar”, mas que você está bem assim também, porque você tem um sorriso lindo.
É aprender a encontrar os tipos de roupa que faça você se sentir bem. Eu uso cropped sim, uso shortinho, uso saia. Sabe o que eu falo quando alguém vira pra mim e diz que algo ficou feio em mim? “Fecha o olho” ou “olha pro outro lado”. Quando alguém vem e me fala que certa comida engorda? “Ainda bem que sou eu que to comendo, e não você”.
Aprendi a não me importar com que o que os outros dizem, e quando alguém vem ser desagradável, eu sou desagradável de volta. O corpo é meu. O seu corpo é seu. A única pessoa a qual seu peso diz respeito é você. E você pode repetir isso o tempo todo sim. Joga na cara. Passa por mal educada, coloca essas pessoas no lugar delas. Não permita que te façam mal.
Vai continuar doendo, mas a gente aprende a processar e deixar passar. Alguns dias claramente são melhores que outro. Vai ter sempre erva daninha crescendo e a gente tem que arrancar, uma insegurança aqui, outra ali. Tem dias que o espelho vai ser seu maior inimigo, mas esses dias passam. E um dia de cada vez você vai vendo que seu castelo vai tomando forma, e que ele pode até se abalar, mas você nunca mais vai permitir que ele caia.
carolina Nascimento
Muito, muito, muito bom o seu post!!
Acho que a autoestima é muito frágil mesmo e como você disse no final, continua doendo, mas só quem sofre com problemas de autoestima sabe a importância de viver um dia de cada vez.
No ano passado passei dos 84 para 43 kgs e meu objetivo era 38 até que meus pais decidiram me internar. Hoje sei o quanto essa decisão deles foi importante pra mim. Hoje, ganhei 10kgs mas apesar de me sentir insegura, sei que eles são 10kgs de sorrisos 🙂
Beijos
BlogCarolNM
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Jade Amorim
carolina NascimentoCarol, fico feliz que tenha se identificado e que saiba que está se recuperando e aprendendo a se amar do jeito que é! Não se sacrifique por um padrão inalcançável!
Rebeca Fernandes
Realmente a autoestima é um castelo muito frágil. com o tempo, vamos reforçando. E cada vez mais, vamos aumentando nossa autoestima!
Concordo muito com esse verso ” Tem dias que o espelho vai ser seu maior inimigo, mas esses dias passam. E um dia de cada vez você vai vendo que seu castelo vai tomando forma, e que ele pode até se abalar, mas você nunca mais vai permitir que ele caia.”
Parabéns pelas belas palavras <3
Minhamaluquice.com.br
Jade Amorim
Rebeca FernandesExatamente Rebeca, fico feliz que tenha gostado. 🙂
Daniel
Ih, sei bem como é isso, antes tinha muito problema de auto estima, e meu ultimo relacionamento foi extremamente abusivo, a ponto de eu ser humilhado em meia as várias pessoas um monte de vezes, com o termino eu passei por uma barra enorme em relação a meu psicológico, o que afetou bastante minha familia, mas hoje está tudo bem, ainda bem. O negócio é nos amar mesmo, perceber que não precisamos de aprovação de ninguem para sermos como somos e entender que esse é também o primeiro passo para que gostem da gente de verdade, e de uma maneira saudável, né?
Jade Amorim
DanielAcho que essa é uma fase pela qual todos acabam passando né Dan? Uns em maior ou menor escala. É sempre uma merda quando acontece coisas com a gente como a que aconteceu contigo, eu sinto muito, mas fico muito feliz em saber que você conseguiu passar por cima disso e hoje é esse ahazo que tu é! ♥
graziela karina gomes rosa
Esse texto resumiu a “luta” pela minha autoestima, e exatamente como você disse, começa na infância, sofria muito na escola, era piadinhas pra todo lado por eu ser “magra de mais” ou ter o “cabelo ruim de mais” enfim .. logo depois disso cresci e tive meu primeiro relacionamento que foi abusivo. e depois do termino me tornei outra pessoa,mas a minha autoestima ainda não e 100% mas estou em busca dela, a caminho para ser uma pessoa cada vez melhor, a mulher que tanto escrevo, a mulher dos meus sonhos <3 beijos
Jade Amorim
graziela karina gomes rosaA infância é uma fase terrível quando você não se encaixa no padrão, a minha foi péssima, e o que vem em seguida só se torna uma bola de neve, como você mesma vivenciou. Fico muito feliz em saber que hoje você consegue lutar para interromper esse ciclo vicioso, eu sei muito bem como ele é difícil. Força! <3
Viviane Oliveira
Que post maravilhoso, garota! ❤
É incrível quando sempre que venho aqui (desculpa a demora para demonstrar amor pelo o seu blog) eu me identifico com as suas ideias. Autoestima é um sentimento muito difícil de entender mesmo e requer tempo, paciência e dedicação, mas depois que a gente aprende a lidar com ele é uma sensação de liberdade maravilhosa mesmo.
Beijos, Jade
Jade Amorim
Viviane OliveiraObrigada Vivi! ♥ Fico super feliz em saber que você compartilha das mesmas ideias que eu. Lidar com a autoestima é um trabalho pra vida toda né? hahahaha.
Juniper
Eu não lembro muito bem como cheguei nesse blog, entretanto, lembro-me que foi ao acaso. E esse foi e é um dos melhores acasos que já encontrei. Jade, suas palavras tem um poder imenso. Fico extasiada com seus artigos de opinião (como este, por exemplo). É cada choque de realidade que dá vontade de imprimir, grudar na parede do quarto, distribuir na rua… (infelizmente essa última ideia não será concretizada pois sou contra o desperdício de papel, então vou só escrever no BuJo algumas frases, colar algumas no mural e divulgar no meu tumblr mesmo)
“Mas aí chega um momento da nossa vida, e esse momento precisa chegar, em que caímos na real. Muitas vezes é quando perdemos alguma coisa que para nós é muito valioso, seja alguém, algo ou até mesmo nós mesmos.”
“Não gosto? Ok, o que eu posso fazer para mudar? Não adianta só não gostar e ficar esperando que alguma mágica aconteça e o incômodo desapareça.”
Sou grata por você compartilhar sua realidade, pensamentos, sentimentos. É incrível poder encontrar pessoas cujas palavras tocam profundamente nossas vidas e você é uma delas. Suas palavras me darão forças para continuar em frente neste mundo tão belo e cruel ao mesmo tempo. Minha gratidão.
Jade Amorim
JuniperEu não tenho palavras para descrever minha gratidão por este comentário. Tenho passado por um momento bastante difícil em relação ao blog e tudo que eu crio. Tenho até um post nos rascunhos sobre isso que nunca tive forças para liberar.
Sabe, parte da grande razão para escrever que eu tenho é poder me comunicar com quem se sentiu de alguma maneira como eu, em algum momento. É mostrar “heeey é uma merda né? mas cê não tá sozinha não, tamo na merda juntas” hahaha. E saber que as minhas palavras estão tocando alguém, de alguma maneira, mesmo que seja uma única pessoa, me dá forças para continuar.
Fico muito feliz que você se identifique e que minhas palavras te façam bem. Saiba que posso as vezes desaparecer aqui do blog, mas estou sempre pelas redes sociais e disposta a conversar. E, mais uma vez, muito obrigada, as suas palavras me tocaram muito. ♥