Partiu de mim, muitas vezes, sentimentos incompreensíveis. Identificáveis, mas incompreensíveis. Veem de não sei onde, ficam não sei porquê e doem pelo simples fato de doer.
Nunca achei que fosse necessário que algo fizesse sentido ao longo dessa vida. Mas eu gostaria, sinceramente, de entender essa minha mania estúpida de perseguir os que me fazem mal e me apegar a tal ponto de preferir ir dormir para evitar pensar.
Com sentimentos incompreensíveis, minhas lágrimas parecem sem propósito também. Porque elas estão aqui? Só para lembrarem que existem e me fazerem agora pagar o preço pelas que eu não derramei quando deveria?
Por muito tempo eu cheguei a acreditar piamente que amor era uma coisa boa. Mas talvez esse adjetivo só caiba a uma das suas multifaces. O amor que eu sinto é o daqueles poetas fadados à miséria. Ele já é tão deturpado em sua essência que o simples fato de pensar na palavra felicidade o descaracteriza.
Este sentimento, muitas vezes, é um veneno lento e asfixiante. Às vezes vêm de maneira tão violenta que quase te derruba. Ele te entorpece, distorce seus sentidos e convicções. Por mais que digam que é egoísta, não acho que egoísmo seja a palavra certa.
Se fosse egoísta só estaria relacionado ao seus próprios interesses. Se amor realmente fosse um sentimento egoísta, eu não estaria pisando no meu orgulho, passando por cima de meu próprio jeito de ser. Se fosse egoísta iria querer guardar minhas lágrimas apenas para mim. Elas jamais seriam direcionadas a outro.
Nem sei se amor merece realmente ser chamado assim. Não sei se amor é a palavra certa. Eu ainda quero acreditar que essa palavra signifique algo bom. A única coisa que eu realmente sinto é a dor, um preço a se pagar quando esse sentimento é unilateral.
Sequer sei se estou fazendo sentido. Na verdade, se fizesse, não seria de amor que eu estaria falando. Ou será que é realmente disso que estou falando?
A sensação que tenho é que estou num lago de águas escuras e profundas, nadando há horas sem conseguir ver a margem. No começo se nada com todas as forças, mas com o tempo vai cansando. Sem o mínimo sinal de terra, o desespero começa a se apossar. As pernas vão enfraquecendo e você se vê afundando.
Quando está para se afogar, a água te empurra para cima. Você respira, seu peito se renova com esperança e força e você volta a nadar. Até que o cansaço e o desespero voltam e você vai afundando novamente.
E o ciclo se repete…
Cada vez é mais desesperadora que a outra. Sua mente já grita e implora para que simplesmente afunde de uma vez. Por mais que o lago diga que a margem está próxima e te empurre, ela nunca chega. Você sabe que isso é mentira, é esperança tola.
Talvez amar seja isso, simplesmente. Amar é sofrer à prestação e com juros altíssimos. É um labirinto. É um mentiroso com uma lábia ridiculamente boa. É ser enganado de propósito. É algo que te faz acreditar que vai conseguir, mesmo que as possibilidades sejam zero.
Por favor, lago, por favor. Deixa-me afundar. Eu não aguento mais. Eu não tenho mais forças. Eu cansei. Não quero cutucar mais nenhuma ferida. Não é como se ele merecesse, afinal de contas.
Dani
Também quero acreditar que a palavra amor tenha um significado bom, ainda quero provar essa felicidade que muitos sentem quando amam.
Beijos
Jade Amorim
DaniAcredito que ele tenha os dois. Eu só gostaria que me mostrasse mais o lado bom pra mim. 😡
Agatha Nezinho
Olá, gostei daqui estou seguindo.
Não acho que o amor seja mentiroso mas que a tristeza tenha uma boa labia, sempre te convence a ficar mais um pouco. O amor se você se permitir, sempre te mostra um caminho alegre.
http://anpensenisso.blogspot.com.br/
Jota
Na contrato do amor, a reciprocidade nunca foi uma cláusula possível e a gente precisa compreender isso.
Jade Amorim
JotaExato. Quase sempre temos que contar com a sorte.
Jessica Zuza
Nossa Jade, o segundo paragrafo sambou na minha cara. texto lindo.
Juliana Moreno
Texto lindo, adoro seu jeito de lidar com as palavras! <3
xx,
http://levemeasdocas.blogspot.com.br/
Evelyne Joyce
Liiiiiiiiiiiiindo. A gente sabe quando alguém escreve bem quando pensa que eu, por exemplo, teria dito isso em duas ou três frases simples, perdendo o foco, citando uns exemplos malucos.
Mas você consegue prender a gente do começo ao fim do texto. Fiquei muuuuuito feliz quando vi seu post no facebook falando que ia voltar a postar. É ótimo te ter de volta. *–*
Alessandra Rocha
Sabe Jade, eu acredito muito no amor, e acredito que se te faz sofrer então não é amor… O que te faz sofrer não é o amor, é a rejeição, o que faz com que você perca as esperanças é exatamente a ilusão do amor, é voce pensar que ama uma pessoa, que talvez sua felicidade dependa tão e somente da retribuição desse sentimento. Eu já sofri muito por esse tal de "amor". E eu te digo, quando a gente vence essa batalha nós emergimos muito mais fortes, confiantes e com a certeza de que NÃO, isso não é amor. Quando é amor sofremos junto com a pessoa, não por ela, quando é amor nós queremos nos afogar apenas porque perder a respiração é tão bom que voltar a superfície é inútil, uma tortura. E pode ser que acabe, pode ser que ele se renove a cada dia, a cada minuto.
Eu tenho pra mim que você é forte, mas ainda assim uma romântica como muitas de nós que ainda não encontrou o amor, mas eu espero que quando você encontre, tu possa reler esse texto e ter a certeza para si (assim como eu tive pra mim) que isso não é amor.
Força! E o texto ta lindo!
beijos
Lu Rosário
Saudades de voce, Jade!
Digo que é preciso lembrar que há um sol iluminando-a fora e dentro..e que tudo nessa vida precisa de passos largos e altos.
Beijos.