Algumas cenas a seguir são imprópria para menores. Só peço que não se impressionem.
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Naquele entardecer cheio de brumas, Catherine Montrian havia roubado-lhe o coração, a respiração e o sono. Sob a proteção da luz enfeitiçada do crepúsculo, suas mãos haviam escrito em sua pele uma maldição que haveriam de persegui-lo anos a fio.
Adrian não voltou a aproximar-se dela, todos dias ao início do entardecer cruzava o parque apressado, observando-a ao longe sentada sempre no mesmo banco e com aquele mesmo livro volumoso.
Aos poucos acostumou-se com sua rotina, sabia que quando o sol estava muito forte ela preferia o banco que ficava debaixo de uma lustrosa cerejeira a alguns metros dali e que, quando o mesmo se escondia por detrás das nuvens, não aparecia. Coisa da qual lhe causou um imenso desconforto até fazer a devida colocação e entender o motivo.
Com o passar dos dias viu também as páginas dos livros passando lentamente. Curioso arriscou-se num dia nebuloso muito antes do horário habitual. Ela não lia. Ficava parada com os olhos ao léu enquanto ouvia as crianças brincando e o farfalhar das folhas no vento manso da estação. Quando tentava se concentrar na leitura, qualquer ruído faziam-na estancar. Ler, mesmo, só quando o movimento diminuía.
Era agradável observa-la, ver os dedos finos e elegantes que haviam acariciado os traços de seu rosto desenhando nas páginas enquanto sorria para si mesma o deixavam hipnotizado e, a cada dia que se passava naquele ritual, sentia a vontade de possuí-la tornar-se quase insustentável.
Não tinha sono, sequer a vontade de persegui-lo. Passava as noites em claro, à beira da loucura, rememorando, invocando a lembrança da sensação de quando o vento passava trazendo o suave aroma que ela exalava ou quando ela virava o rosto em sua direção, fazendo-o ter certeza que tinha sido pego até se lembrar que ela não podia vê-lo.
O tempo estava acabando. Seu auto-controle se esvaia como a areia de um relógio quebrado. Ele a queria e ele a teria. Só mais um pouco de tempo.
O sol não havia aparecido naquela tarde, o vento levantava as folhas espalhadas pelo chão. As nuvens corriam pelo céu trazendo o cheiro da chuva como o hálito de uma maldição. E ela não havia aparecido. Pelo terceiro dia seguido ela não havia sequer passado pelo maldito parque.
Adrian sentia um comichão estranho dentro do peito, aquela louca sensação de que alguém havia usurpado o que era seu de direito. Logo em seguida veio a raiva, violenta e intensa. Precisava vê-la e saber que ninguém tinha tocado nela.
Sem pensar duas vezes correu em direção a casa, tomando o cuidado de parar no outro lado da rua. Chegou bem a tempo de assistir a cena. Catherine estava sorrindo, os braços abertos como se quisesse abraçar o homem alto e de pose aristocrata que cruzava o portão naquele instante. Homem este que gritava ordens de vento em poupa e, ao passar pela filha, mal deu-se ao trabalho de colocar a mão em seus cabelos numa carícia rude.
Ela ficou estática por alguns instantes, depois fechou os braços com um sorriso triste nos lábios e uma lágrima correndo nos olhos. O Levenge se surpreendeu, em seu íntimo mantinha a ilusão de que cegos não chorassem. Mas Catherine chorou, mesmo que uma única lágrima solitária escapasse sob seu rosto, ela havia chorado.
Sentiu algo apertar seu coração ao ver aquela cena, talvez fosse a compreensão. A dor do abandono não era a mais violenta, equiparava-se a um fogo brando, lambendo tudo que encontrasse na frente. Fraco, e constante, mas o suficientemente forte para devastar a pessoa por dentro.
Franziu o cenho ao notar o outro, quase tão alto quanto o anterior, se aproximar da jovem e abraça-la pelos ombros, dar-lhe um beijo nas têmporas e sussurrar algumas palavras que a fez sorrir, mesmo que de leve. Incomodou-se com o contato e decidiu que não havia mais nada para ver ali. Com passos decididos deixou o local, rumo ao mesmo minúsculo e fétido estabelecimento que jantava todas as noites.
O céu cumprira sua promessa no início da noite, os rústicos postes de luzes tremeluziam diante da chuva torrencial. Adrian mantinha as mãos no bolso do grande casaco, sem se importar com a água que caia sob sua cabeça sem dó.
Olhava para o chão sem realmente enxerga-lo, os passos mecânicos sabiam bem onde deviam ir. O silêncio de uma noite de tempestades agradavam, saboreava-lhe cada instante como se este fosse único. Para quebrá-lo, apenas seus passos nas folhas encharcadas.
Um grito trazido ao longe pelo vento reverberou por entre o barulho da chuva. Agudo e desesperado. Suspirou, deixando-o para lá. Não era da sua conta, de qualquer forma. Não cessou os passos por um instante sequer, estando aquele momento pouco após o banco que sua fada costumava se sentar.
Pisou em algo duro e parou para olhar. Por debaixo de folhas e água teve o deslumbre do brilho do metal. Abaixou-se curioso e pegou o objeto. Preto e discreto, reconheceu como o guia que Catherine usava. Enquanto media seu peso, outro grito se sobrepôs a cortina d’água.
Rosnou, os olhos ficando vermelhos de raiva. Os passos apressados eram ágeis. Guiou-se por outro grito agudo enquanto apertava o guia como se fosse uma arma, deixando-o de lado ao encontrar uma barra de ferro com um pequeno gancho na ponta e muito mais pesada no canto de uma das vielas ainda em construção.
O vento zombava de seu desespero, levando consigo o barulho de um choro engasgado que conseguia ouvir vez ou outra. Atravessando mais algumas árvores ele a viu, os cabelos emaranhados pelo chão, os lábios entreabertos onde um corte fazia um fino filete de sangue escorrer antes de se dissolver com a água da chuva. Obstruindo sua visão tinha um homem corpulento, curvado sobre ela e investindo entre suas coxas entreabertas e manchadas de sangue. Ele ria meio a sons guturais que saiam de sua garganta, enquanto ela virava o rosto e apertava os olhos chorosos.
Observou a cena por um milésimo de segundo até a raiva assassina obstruir sua visão. Investiu no homem com a barra de ferro direto na cabeça, arrancando-o de cima da jovem que instantaneamente se encolheu. O outro levantou cambaleante, querendo saber quem tinha sido o imbecil que havia se intrometido. Teve tempo apenas de ver os cabelos avermelhados escorrendo pelo rosto e os olhos verdes emoldurados por cílios negros. No instante seguinte Adrian empregou força tamanha no golpe que semidegolou o agressor.
Não estava satisfeito, a fúria assassina que se apoderava dele não queria abandona-lo. Esfregou o sangue que havia espirrado em seu rosto com raiva, e olhou para a morena encolhida e tremendo no chão. Respirou fundo, obtendo novamente o controle sob sua ira. Olhou para o corpo caído, ainda tendo espasmos até finalmente silenciar-se.
Jogou a barra de ferro do chão e começou a tirar o sobretudo, se aproximou de Catherine. De cócoras e bem perto dela pôde ver a extensão dos machucados. A blusa antes branca, e agora imunda, estava com os botões arrebentados, revelando sob o sutiã rendado os seios com marcas arroxeadas na forma de dedos. A saia azul-escura que antes chegava quase aos joelhos estava arriada, deixando exposta sua intimidade, que ainda minava sangue fresco.
Balançou a cabeça com força para afastar o desejo sádico que começava a despontar e jogou o sobretudo sobre a moça, cobrindo-a quase até os pés. Catherine levantou a cabeça assustada, tocando o tecido desconhecido com os dedos sujos de sangue.
– Vista-o e fique aqui. – O Levenge murmurou perto de seu ouvido. – Eu já volto.
Ela franziu o cenho e os olhos imediatamente se encheram de água, enquanto um sorriso de alívio brotava nos lábios.
– Adrian? – gaguejou o nome.
– Shh… – Ele tocou em seus lábios com o indicador. – Eu já volto.
Enquanto ela maneava a cabeça afirmativamente e se sentava para ajeitar as mangas da roupa, Adrian ficou em pé e observou o corpo caído. Tinha que fazer o trabalho sujo e sumir com ele e, por sorte, o rio que desaguava no mar estava a poucos quilômetros dali. Pegou-o e jogou no ombro, fazendo um grunhido de nojo assim que a cabeça dependurada bateu nas suas costas. Sem muita dificuldade começou a andar, deixando para trás a jovem encolhida.
- Continua…
- Quatro maneiras para conseguir tudo que quiser de um homem
“(…)Existem várias formas de se conseguir qualquer coisa de um homem, variando apenas no estágio de relacionamento e nível de persuasão. O que funciona com uns, pode não funcionar com outros. Quanto mais antigo for seu relacionamento, mais você pode abusar destes artifícios.
Para ilustrar o que quero dizer, vamos criar um exemplo palpável. Supõe-se que você quer/precisa muito comprar uma certa coleção de livros. É algo que não é exatamente necessário, mas ainda assim sente a necessidade de ter. O primeiro método, que pode ser usado com um ficante ou até mesmo um pai: a indireta” (leia mais)
Demorou, mas chegou. Esse trecho da história é super tenso, espero que ainda estejam gostando. Quis colocar o máximo de realidade possível, então, pode ter ficado um pouco pesado mesmo. A próxima parte é a última, dependendo do feedback eu posso demorar ou agilizar. Quanto ao trecho ali em cima, outro post meu no Pleinco! Espero que gostem, e não se esqueçam de clicar no coração.
Juliana Bittencourt
Nossa que horror , coitada da menina , fiquei com medo. kkkk
mas ainda quero saber o que vai acontecer , quando postar a continuaçao me avisa.
http://fashiondreams4ever.blogspot.com.br
Amanda Cristine
Coitada da Catherine, fiquei triste 🙁
Ainda bem que o Adrian chegou lá e salvou ela, não é mesmo? Que lindo ele <3
Essa parte ficou bastante realista mesmo, e eu adorei ela. Estou mega ansiosa para a próxima parte. Eu amo essa fan-fic! Você escreve muito bem (:
beijos,
the-mandie.blogspot.com
• Francelle Morgan •
Nossa, você escreveu de uma maneira tãão real…até chocante!
Não se preocupe não querida, as leitoras ainda vão amaar a história, você escreve muito bem!
Beeijos
http://blogmymemories.tk
Pedro Menuchelli
Caracas,
Que texto pesado, mas em contrapartida é muito lindo também.
Fico anciosamente esperando a continuação!!
Um grande beijo!
Pedro
Amy
Ahhhh adoro textos assim, ansiosa pela continuação '-'
ah
BEIJOS
Amy – Macchiato
Nana
Oi Jade
Obrigada pela sua visita lá no Obsession
Adorei seu site, parabéns pelo layout!
Você escreve muito bem, bem atenta aos detalhes.. eu pelo menos achei que ficou real sim.
O Adrian.. parece ser apaixonante! E eu adoro esse nome haha
uma ótima quarta pra você
Nana – Obsession Valley
Rafaela
Menina, vou deixar esse post reservado para minha leitura noturna! Fique curiosa, rs.
Um ótimo meio de semana!
Beijus
Amanda Souza
Nossa que tenso floor rs'
Adorei o post ..
http://souzadiinha.blogspot.com.br
Beijoos 🙂
Ágata Bresil
Nossa, cena bem tensa essa, mas que existe na realidade, o que é muito triste, muitas garotas não tem alguém que as salve ://
Você escreve bem. Beijos. Tudo Tem Refrão
Pérola Albuquerque
Confesso que fiquei assustada, rs. E ao mesmo tempo curiosa para saber mais…
http://primeirapessoa-dosingular.blogspot.com.br/
Marcos de Sousa
Está ficando ótima a história. Quando sairá a próxima parte?
Beijo
Sammy
Capítulo de tirar o folego! E claro, recheado de emoções! Fiquei muito triste com o que aconteceu com a Catherine, mas ainda bem que o Adrian a salvou! Gosto dele, ele é tão… dificil, de descreve-lo, mas acho que diria: Podereso!
Bjs
http://www.daimaginacaoaescrita.com
Lu Rosário
Aaaah.. achei tenso, mas nada pesado.
Gostoso de ler.
Beijos!
@dudsparrow
Muitas emoções *-* Mas está ótimo, muito bem escrito!
Adorei também as quatro maneiras hahaha
boa semana e boa páscoa!
;*
Debbys
Nossa, tenso mesmo!! não ficou pesado, mas essas coisas sempre me deixam um pouco impressionada.. quero ver logo a parte final então! xD
bjussssss
Déborah-alana
Amiga amei esse trecho da história, nunca vi uma cena de violência/estrupo a uma mulher tão bem detalhada, realista 😉 gostei amiga, muito realista mesmo, quero ver a continuação :* beijinhos jade
Lu Rosário
Sair dançando enquanto não tem ninguém em casa são meninices. E Débora aproveitou muito nesse sentido..rsrsrs.
Beijos.
palavrasdeumlivro
Achei esse trecho da estória muito tenso e muito gostoso de ler, estou adorando e quero muito ver a continuação *-*.
Bjs
http://palavrasdeumlivro.blogspot.com.br/
HONORATO, Sandro
Jade 🙂
Como vai?
Bem legal este trecho..bem emocionante de ler sabe? *-*
Você gosta de animes também?
Bom,o cosplay da menina lá ficou legal kkkkkk
Mas opinião é opinião e respeito a sua 🙂
Beijos
http://www.rimasdopreto.com
Paloma Viricio:: Jornalismo na Alma::
Gostei muito do textos sobre conseguir o que quiser de um homem! kkBem interessante!
Beijocas!
http://palomaviricio.blogspot.com