Os passos duros ecoavam no asfalto quente, tão diferente do habitual jeito de felino no andar. A testa estava franzida e os músculos do ombro estavam tencionados. Aqueles gestos, além das mãos crispadas ao lado do corpo, eram as únicas demonstrações do transtorno em que sua mente se encontrava.
“- Você vai prestar atenção em mim? – A voz soou estridente e nervosa. – Ou preciso marcar um horário com a sua secretária?
– Como se você já não tivesse passado por cima dela quando chegou. – Ele sequer havia levantado os olhos dos papéis que estudava.
– Olhe para mim, Will!
Os olhos esmeraldinos estavam cheios de lágrimas e as mãos em punhos tremiam nervosamente. O moreno engoliu um suspiro amargurado quando levantou o olhar e soltou a caneta, passando a encará-la com a mesma intensidade com que se encarava uma porta.
– O que quer desta vez?
Ela engoliu o choro, limpando a garganta para sua voz soar alta e clara.
– Você prometeu que sairia mais cedo do escritório no meu aniversário.
Willian arqueou uma sobrancelha.
– E…?
A ruiva o olhou indignada, deixando duas ou três lágrimas transbordarem, lágrimas essas que secou com a mão antes mesmo de chegarem ao fim de seu rosto.
– Hoje é o meu aniversário,Will.”
Ele havia se esquecido, ele simplesmente havia esquecido-se da data. Mantinha-se tão absorto com os problemas da empresa que sequer se lembrara no aniversário da esposa. E, ao invés de tentar concertar a situação, preferiu rebater, prolongando e piorando a discussão.
“- Saímos de férias mal tem um mês.
Ela arregalou os olhos, indignada.
– Quem saiu de férias? – A voz estava falha pelo choro contido. – Você ficou trancafiado naquele maldito quarto de hotel pregado com aquele seu notebook. Ainda me surpreende o fato de ter se casado comigo, e não com ele.
O Cameron estreitou os olhos, incomodado com o comentário. Aquela havia sido a primeira ação que a fez acreditar não estar falando com um robô, mas com algo que deveria agir feito um ser humano.
– Estou cansado Lis, é problema atrás de problema para resolver. Não venha me encher com suas frescuras femininas.
– Sério? – Exasperou-se, gritando para quem quisesse ouvir enquanto fazia movimentos bruscos com os braços. – É para isso que existem as férias! Para relaxar.
Fungou, esperando que ele dissesse algo. Ele não abriu a boca. Já não tinha mais forças para gritar, nem para conter as lágrimas.
– Era para ser a lua-de-mel que adiamos por anos, mas se tornou eu andando sozinha numa cidade feita para casais apaixonados.
Willian suspirou, não comovido, mas um pouco incomodado com toda aquela cena. Abaixou a cabeça enquanto massageava as têmporas.
– Elisa… – Pediu, num murmúrio.
– Me diga, Will, qual a minha cor preferida? Minha música preferida?
A mulher colocou os braços em volta do corpo, como se assim pudesse proteger-se das futuras agressões, mesmo que essas fossem n’alma.
– A comida? Bebida? Banda? O nosso primeiro beijo? O que eu estava usando no nosso primeiro encontro?
Ele não respondeu.
– Qual a minha profissão?
– Médica.
Elisa riu amarga.
– Em que área eu atuo?
Silêncio, ele não abriu a boca. Sequer sabia a resposta.
– Qual o dia do nosso casamento?
Nada, ela suprimiu um soluço. Sentia o coração espatifar-se em migalhas e cair ao chão.
– Que diferença isso faz, afinal?
Ela abriu a boca, várias vezes. As lágrimas haviam secado naquele momento. Pensou em milhões de respostas, mas nenhuma era satisfatória. Por fim sorriu amarga, desistindo.
– Nenhuma. – Virou-se e caminhou em direção a porta. – Não faz nenhuma diferença.”
Mas é claro que fazia, merda! Só que ele notou tarde demais, quando chegou em casa e encontrou-a tão vazia quanto uma sepultura. Em nenhum momento aquele lugar estivera vazio depois que se casara, ela sempre estava lá. Assistindo TV, pintando as unhas, limpando alguma coisa. Dormindo.
Só que agora não tinha ninguém, e pela primeira vez percebeu como o lugar era frio e impessoal. Em cima da mesa de jantar tinha um bilhete, o rosa brilhante do papel se destacava entre o preto e o cinza-metálico que impregnavam o ambiente.
“Só para ter certeza de que você notará que fui embora antes do fim do mês.
Elisa Ferreira.”
Ferreira.
Depois que se casaram ela jamais havia usado o sobrenome da família, tinha um bobo e apaixonado orgulho pelo sobrenome Cameron. Dando ênfase nele na maioria das vezes que se apresentava a alguém.
Aquilo que antes costumava incomodá-lo, continuava incomodando-o. Só que dessa vez por um motivo completamente diferente. Vendo o sobrenome Ferreira naquelas linhas, soube que ela o havia deixado sem a intenção de voltar.
E o moreno não gostou daquilo, nem um pouco. Mas não manifestou-se, dizendo que era o melhor a se fazer. Passaram-se sete longos dias até que finalmente sentisse desespero e claustrofobia o suficiente para ordenar que a localizassem.
Agora estava lá, andando a passos duros no asfalto em direção ao hotel em que sabia que a ruiva estava. Decidido a faze-la voltar para casa nem se fosse amarrada.
Após ter ignorado o recepcionista e subido decidido até seu andar, estava pateticamente estagnado em frente à porta de madeira. Num suspiro derrotado, coçou o queixo áspero da barba mal-feita e desleixada, era agora.
Bateu na porta.
Nada.
Bateu de novo.
A visão que teve o partiu a alma, debaixo dos olhos avermelhados estavam um par de olheiras profundas, os cabelos estavam desgrenhados e a roupa amarrotada. A pele de porcelana que ela tinha estava seca e cheia de marcas de lágrimas, recentes, e antigas. Sempre gostara de compará-la à boneca clássica, principalmente pela semelhança da cor de fogo do cabelo, mas naquele momento parecia que uma criança levada havia pego um lápis e riscado todo seu rosto, deixando-a com aparência maltratada. Abriu a boca para começar a falar, mas ela fechou a porta na sua cara.
Ou quase. Se não tivesse colocado o pé no caminho.
– Você vai me escutar.
– Saia daqui. – Sua voz era chorosa.
– Elisa, por favor.
– Vá embora… – ela sussurrou, deixando o corpo escorregar pela porta, caindo no chão num baque surdo.
– Dia 23 de agosto de 2003.
– O quê? – levantou os olhos, confusa.
– Nós nos casamos no dia 23 de agosto de 2003. A sua cor preferida é o azul marinho. Sua música preferida é Broken, daquela cantora americana meio gótica e um cara de cabelo comprido. Você não tem uma banda preferida, por que gosta de muitas e jamais conseguiu se decidir. Sua comida favorita é a japonesa, não importa qual, desde que não tenha lulas ou polvos. E você sempre come acompanhada de sakê, mas gosta mesmo é de vinho branco, que toma uma taça todos os dias enquanto me espera chegar do trabalho. – Ele sorriu ameno, ela parecia atônita e o encarava do chão.
– O nosso primeiro beijo foi quase um acidente, aconteceu na nossa festa de formatura do colegial, ambos estávamos bêbados demais para tomar alguma decisão. Nosso primeiro encontro foi numa sexta. Jamais me esqueceria daquele dia, Lis. Você usava um vestido preto com detalhes em verde que realçava essa pele tão macia que você tem e deixava as estrelas com inveja do brilho de seus olhos.
Ela abriu a boca, mas ele não a deixou falar.
– Você sempre sonhou em ser neurocirurgiã, mas já estávamos noivos quando foi fazer a especialização e acabou escolhendo ser ginecologista, já que isso faria com que tivesse seu próprio consultório e, consequentemente, estaria em casa sempre que quisesse. Porque só bastava um imbecil longe de casa.
Ele sorriu amargo e ela o encarava muda.
– Posso entrar?
Ela maneou a cabeça afirmativamente para o rapaz que mantinha metade do corpo para fora do quarto. Ele sorriu e, com as pontas dos dedos, limpou os recentes rastros de lágrimas.
– Aceita de volta um babaca que sempre esqueceu de te dar o valor merecido?
Elisa abriu a boca para falar, mas a voz falhou. Limpou a garganta enquanto esboçava um fraco levantar de lábios.
– Se esse babaca prometer jamais fazer isso de novo.
O rosto dele voltou a ficar sério.
– Eu prometo.
E, assim, ele a beijou.
Conto curtinho, bobinho, meio sem pé nem cabeça. Mas eu gosto dele, por que surgiu de uma briga real minha e do meu bem. Acho a história bem clichê, mas é curtinha e uma das minhas fics mais populares. O que me submete a uma outra pergunta: Querem que eu poste fanfics minhas aqui também?
Sei que era para ser uma resenha, mas a resenha sairá no próximo post.
A promoção ainda está em andamento, assim que eu receber a resposta da editora eu já fecho ela. Corram!
Thamy
Achei lindo!
Não sei escrever contos, mas admiro quem sabe.
Sammy
Lindo demais, tão emocionante, romantico! Amei quando ele chegou no hotel respondendo todas as perguntas Elisa fez *-*, fiquei muito espantada e feliz, tão romantico, mesmo que o Will tenha sido um chato antes, foi demais ele indo se reconciliar com a Lis!
Então Jade, eu também faço Fanfics, crio um ou outro conto original, mas minha especialidade são as fics mesmo. Olha eu gosto bastante, do fandom IchigoXRukia, UlquiorraXOrihime(que são os casais que mais me influenciam na hora de escrever) do mangá/anime Bleach, conhece? Agora de Naruto, eu não tenho um especifico, mas já escrevi uma oneshot do casal NejiXHinata.
E respondendo as perguntas do seu post: Sim, traz sua fics *-*, eu vou adorar poder ler cada uma delas *-*, voce é muito talentosa, amei esse conto!
Bjs
daimaginacaoaescrita.blogspot.com
Debbys
eu queeero! adoro fanfic!! hehehehe.. e nossa, não achei sem pé e cabeça não! pelo contrário, adorei o post, fiquei toda risonha do final! hehehehehe
poste mais histórias assim! ^^
bjsss
HONORATO, Sandro
Olá 🙂
Lindo texto *—*
Você deveria fazer poemas 🙂
Es bem criativa 🙂
Beijos e cuide-se
Tenha um excelente final de semana
http://www.rimasdopreto.com
Déborah-alana
Amiga fiquei me imaginando na história e às vezes quando estamos muito tempo com uma pessoa, percebemos um certo desleixo, isso nos deixa triste, gostei do conto, não achei bobinho e bestinha, nem clichê, me lembra de que algumas vezes testo meu namorado para ver se ele sabe coisas de mim, se me nota, se sabe meus gosto, mesmo ele sendo tão calado e às vezes tão perdido nos seus problemas, noto que ele sabe mais de mim do que eu mesma, adorei e iria amar fanfics aqui :* beijinhoos *-*
; amanda cristine.
eu amei esse textinho *u* sério, apaixonei. e isso só me deixou mais empolgada, ou seja, "sim você deve postar fanfics aqui". seria incrivel!
beijos
the-mandie.blogspot.com
Cássia Vicentin
Seria bom se todas as histórias acabassem com um final feliz :/ Adorei mesmo, de verdade.. Imaginei todas as cenas, parabéns
Jeniffer Yara
Hey, tem tag e selo pra você no blog! Desculpa a mensagem 'automática' :}
Beijos!
Bruna
ah como a cássia disse, seria bom se tds as historias acabassem com um final feliz né:/ mas adorei, *-*
nao tenho 'dom' para escrever, mas como a thamy disse,eu tbm ADMIRO quem sabe rsrs.
otimo carnaval p vc fofa. rsrs
Bjs,
bnascimentooo.net.tc
Beatrix
Jade, tenho varias coisas para empanturrar aqui no seu blog..hehehe:
1. sobre o Estomago de Avestrux, seja bem vinda. Estou juntando um acervo rasuavél de fotos e receitas que vou testar esse mês ou re-fazer para poder tirar fotos. E suas receitas também serão bem vindas. =)
2. Que saudade que eu estava desse mundo do Blog. =))
3. Adorei o conto. Quando começei a ler, achei que esse fosse um dos capitulos que alguma historia que vc estive escrevendo. Pareceu final de livros.
Acho que eu , por ser uma pessoa desconfiada, não o aceitaria de volta, já que sempre ia achar que ele me magoaria dnovo. Mas adorei que no conto, eles voltaram. Adoro um final "feliz para sempre" no papel, apesar e não acreditar que ele exista na vida real. hhehhe
Bjos, Bia
Jeniffer Yara
Gostei do conto, não achei bobinho, um pouco clichê talvez, mas me lembrei do livro Um dia, o conto tem a ver, um dos personagens não dá valor a pessoa que ele ama, e deixa de lado ela por um bom tempo, mas no final cansa de 'fingir que não se importa' e vai atrás de corrigir seu erro.
Gostei do final, finais felizes me agradam e muito <3 rs
Eu amaria ver fanfics aqui ><
Desculpa o comentário que virou spam :/
Beijos ><
• Francelle Morgan •
ÓÓÓwwwn,que lindo amore!
Amei seu conto,muito bem contado,bem resumido e cativante!
Muuito bom…
AAh! Muito obrigada por participar pelo Twitter! Õ/
Beeijo
http://blogmymemories.tk
Charlie Bravo'
Gostei, é um texto que nos faz pensar nas pessoas que amamos, nas pessoas que juntamos ao longo do caminho e colocamos no coração, e na tristeza que nos maltrata sempre que não temos valor, sempre que há cascalhos no caminho.
Charlie.
Gabriela Andrade
No começo do texto eu fiquei com muita raiva dele, como podia ser tão – mas tão – cego? Como podia ficar impassível diante de tudo que antes importava pra ele? Ai ai. E quando chegou no final, "own" não saia da minha mente. Own, own, own own: isso aí, é assim que se faz! HAHA
Gostei do conto, uma fofura que só!
Reconhecer o valor das relações é essencial, não?
Beeijos!
Iana Paulinha
Que massa amei florzinha!
Vc realmente tava inspirada pra criar essa historinha *-*
====>WORLD GIRL<====
http://ianapaulinhaaaa.blogspot.com/
@ianapaulinhaaaa
elemento do meio
Gostei! Tem ritmo, está bem escrito. Bacana! uma bjk. Regys *-*
Nati
Passa no meu blog tem coisa pra você lá. http://mundodenati.blogspot.com/2012/02/tag.html
Bj
CARLA WOLF
Adorei essa fanfic,achei muito bem escrita!
wolftheideia.blogspot.com
Meia Noite e Quinze
Own, que lindo o texto. Eu sempre leio esses contos, acho maravilhosos e gostosos de se ler né? Não cansa. Amei seu blog também, adorei conhecê-lo. Saiba que você pode sempre contar conosco ok? Fique sempre a vontade. Beijo!
meianoiteequinze.tk
@_carlabresa
Jade, do céu, fiquei com maior medo de voltar aqui e você já ter postado outra coisa em cima desse texto. Por que li ontem e não tive tempo de comentar.
Não queria deixar de comentar, não. Hahaha
Sabe, eu costumava escrever webnovela e até tive uma que foi SUUUUCESSO nas comunidades do orkut (se chamava Inimigos Íntimos). Deu uma saudadinha dela quando vi esse seu texto fanficcional 😛
Curti muito e até fiquei meio depre no finalzinho. Querendo alguém pra se lembrar de tudo isso pra mim também hehe .. por que meu ex, aquele traste, não se lembrava nem a data do meu aniversário quanto mais a minha cor preferida (pois é)!
MAS SIM.. reparei que mudou tudo aqui HEIN.. ta gato o bloguitchu, gostei de ver (e já estou juntando cara-de-pau suficiente pra pedir um lay pra mim também Hahahaha).
–
RESPONDENDO SEU COMENTÁRIO NO MEU BLOG:
Claro que o intercâmbio super é a minha prioridade (pra além das briguinhas com o meu pai, né? por que ninguéeeeeeeem merece ficar ouvindo alguém encher o seu saco o tempo todo, me acredita). Quero ir pra Londres, sim, mas nem é por causa do inglês – acredita se quiser kkkkkkk – é por que lá fala inglês (der) e é perto dos outros países da europa.. não é tipo os EUA recluso na américa, sabe? Hahahaha Enfim..
O babado é que tem chance da gente se ver num futuro próximo SIM! Ele ta vindo pro Brasil em agosto.. Justamente pra Salvador (ele já vem aqui há dez anos.. ja veio mais de 20 vezes ao Brasil) 😛
PS: como vc pediu, respondendo aqui no seu blog (E ISSO DÁ MAIS TRABALHO u.u)
beijão!
Gleyce K
Que lindo este conto. De fato é algo que também acontece na vida real, quando a pessoa só dá valor aquilo que perdeu.
Adorei a parte em que ele vai até o Hotel e responde a cada pergunta que a Lis havia feito e ele não havia respondido.
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Beijinhos!!!
Yuu
Brigas entre casais geralmente são situações meio clichês, mas seu conto ficou uma gracinha. Minha reação ao terminar de ler foi "Awn!". Gostei bastante. 🙂
Beijos.
Amanda Souza
Nossa quee lindoo flor
adorei a historia ..
http://souzadiinha.blogspot.com
Beijoos 🙂
Harley Quinn ❥
Que historia linda *-*
Nina
Acho que ja vi essa história postada no seu fanfiction.net como uma sausaku certo? Muito Linda Jade! Garota você tem o Dom da escrita! Serio. tô seguindo o blog flor <3
Nina
Ps. Sim, quero! poste mais fics suas Jade.