Annabeth tinha 9 anos, era filha única e, como morava no campo, não tinha amigos para brincar. Os pais eram ocupados, a jovem passava a maior parte do tempo sozinha. Gostava de animais e plantas, ficava horas na estufa segurando sua boneca de pano com uma mão e o regador com outra.
Num belo dia de primavera, quando o sol reinava forte no céu e as flores mostravam toda a exuberância que haviam resguardado para essa época, junto com os outros muitos pássaros que cantavam apareceu um no mínimo curioso, ele era grande, cheio de penas plumosas e extremamente branco.
Quando ela o viu, ficou maravilhada, queria pegá-lo com suas mãozinhas rechonchudas. Sabia que com ele ao seu lado sua vida seria muito mais bela e feliz, sabia que ele seria um ótimo amigo. Mas o pássaro, mesmo sendo sempre presente, não lhe permitia muita aproximação, se afastava a cada investida da criança.
Assim os dias passaram e Annabeth foi se conformando com o fato de que nunca poderia tocar aquele que tanto lhe encantava, quando já não tentava mais, porém, o próprio pássaro se aproximou e começou a lhe contar histórias.
Era um pássaro viajante, gostava de conhecer todos os lugares do mundo. Suas penas mostravam isso. Seu ultimo destino fora os montes gelados das montanhas do Himalaia, por isso a plumagem branca e de aparência fofa. Mas não durou muito, e quando a noite caiu, ele foi embora.
A criança, hipnotizada pelas histórias, foi dormir imaginando também ser um grande pássaro que viajava pelo o mundo. Quando acordou, preparada para mais aventuras, o tão especial pássaro não apareceu.
O ano passou sem muita movimentação, a criança cresceu, e pouco pensava naquele pássaro místico, mas sempre sentia a dor das saudades. Naquela manhã, enquanto ia regar as plantas da estufa o viu. Ele tinha voltado, afinal de contas. Mas suas penas não eram brancas, eram rosas, com pequenos detalhes em verde, e ele lhe contou que tinha ido passear pelos campos de cerejeira do Japão.
Ela escutou suas histórias hipnotizada, e depois de uma semana de longas tardes, ele se despediu, falou que deveria ir novamente. Annabeth esperneou, negou veemente, falou que ele não poderia deixá-la novamente. Tentou aprisioná-lo, mas ele nunca a havia permitido o contato.
Fico furiosa, ele não podia fazer aquilo, deixá-la se corroendo de saudades, sem saber quando voltaria. Passou a noite inteira planejando, e nos meses que se seguiram, esperando para poder colocá-lo em prática.
Quando o pássaro voltou, tinha as penas cor-de-areia, e lhe contou que estava nas pirâmides do Egito. Ela sorriu e escutou pacientemente toda a história, andando pela estufa, direcionando-o para a armadilha, muito bem escondida entre as plantas mais altas. Quando ele pousou, distraidamente no galho, ela sorriu e fechou a portinhola da imensa gaiola.
– Agora você não vai mais me deixar! – Ela sorriu, carinhosamente.
“Me deixe sair, Anna…”
– Não, e não. Você sempre me deixa, não vou! – Ela virou as costas e começou a se afastar. – Tem comida e água, vou entrar, está na hora do jantar, boa noite.
Ela se foi, e como o prometido voltou na manhã seguinte. E assim o fez em todas as manhãs, mas o pássaro não comia, e suas penas, perdiam a cor. Ficaram feias, murchas e sem vida. A garota tentava lhe fazer comer, tentava conversar, mas ele não se mexia, não lhe dava atenção, estava apático.
“Me deixe sair, Anna…”
Repetiu, numa noite, enquanto ela insistia para que ele se alimentasse, preocupada.
– Porque suas penas não são mais bonitas? O que está acontecendo com você? – Os olhos brilhavam com as lágrimas contidas.
“A saudades que sentia era o combustível para a beleza delas, e você não a sente mais. Eu não sou mais livre, me deixe sair, Anna…”
– Não posso! – ela gritou, chorosa. – Você vai embora de novo, e não vai voltar mais…
“Eu vou morrer, é isso que quer?”
Ela segurou um grito ao comprimir os lábios. E, deixando as lágrimas caírem descontroladamente pela pele alva, abriu a portinhola. Não queria sentir saudades, mas também não queria vê-lo morrer. Aceitou o destino quando o viu remexer as penas, abrir as asas e sair voando. Ele foi embora, e pelos próximos dois anos, ele não voltou.
- Ame as coisas que tem, por isso deixe-as livre. Se voltarem à você, é porque realmente as merece.
Ficou grande né? Desculpem, não quis criar uma história grande. Adoro a mensagem dessa frase, minha mãe costumava falar para mim quando era pequena. Espero que tenham gostado.
Au
Acho incrível quem consegue escrever contos assim…
Ficou muito bom, e é possível entender a atitude da Annabeth, ela era criança, sozinha, precisava de uma companhia…
Mas, na minha opinião, a frase que sua mãe sempre te disse faz todo sentindo, se voltar é porque realmente merecemos…
Ótimo texto, linda.
Beijo!
Inercya
Que conto liindo, Jade! A frase do final foi como uma conclusão do texto, um ensinamento. É bom deixar as coisas que amamos livres. Sim, se elas também nos amam, voltaram com toda a certeza.
;*
~*Rebeca e Jota Cê*~
E assim são as lições de vida aos olhos de uma criança. Conto que faz a gente viajar com o pássaro.
Acabei de colocar o seu blog nos links, viu? Mas também não vi o nosso blog na sua restrita lista. 🙂
✿
Beijo imenso, menina linda.
Rebeca
–
Max Psycho
Jade que texto lindo, curti mesmo, sobre a ultima frase, sei la se deixo livre as coisas que amo pois sou meio ciumento e muito possessivo, vai ver é por isso que ainda não tenho nada e nem ninguém, mas paciência, bjus gata
Anna Vitória
Tem um livro do Rubem Alvez que conta uma história SUPER parecida, se não me engano chama-se A Menina e o Pássaro!
Foi inspirada nela ou só coincidência mesmo?
beijos
Camila
Nossa, que texto lindo! Eu comecei a ler a história e não queria mais parar. Sentir saudade é mesmo muito ruim, ainda mais para quem não tem ninguém como a Anna. Mas enfim, eu amei o texto!
beijo xx
Prixty
Cara, isso é muito marcante. E essa frase aí do final é uma das minhas preferidas, tenho até salva aqui no pc. Mas a que conheço é na primeira pessoa xD
Gostei 😀
@AlvaroWanna
pra se ganhar tem que se perder
bjs. te mais
Wanderley Elian Lima
Olá Jade
Obrigado pela visita ao meu blog e pelo comentário.
Bom fim de semana
Bjux
meus instantes e momentos
mais um longo final de semana chegando, que ele seja um final de semana feliz…
Maurizio
* que bom ler voce, que bom voltar aqui.
Tamara Queiroz
Um encanto de história, Jade!
Além da liberdade que traz sua fragância e torna a vida uma dança, uma poesia, um êxtase constante, a história também retrata o desapego e o sabor do desprendimento…
Ah, esse pássaro é de uma beleza brutal.
Ni ...
Vim agradecer a visita e me perdi neste texto delicioso de ler…
voltarei!
Beijos daqui prai
Dryka Sales
que texto bárbaro, adorei Jade *-*
Ana Beatriz
É difícil deixar alguém que tanto amamos, que nos apegamos, e agora temos um sentimento de conforto e de família ir embora. E quando é por livre e espontânea vontade deles, sempre nos sentimos abandonados, como se estivéssemos perdendo alguém.
Ná
Lindíssimo! Essa frase tem um peso muito grande na minha vida, mesmo. Deixemos que voem os mais belos pássaros e esperemos que um dia eles voltem e nos contem novas histórias… Beijo.
Jeniffer Yara
Ficou muito bom isso sim!
E concordo com a mensagem do post,acho que fui uma Annabeth da vida,rs Queria um pássaro só pra mim,e ao contrário de Annabeth,descobri pelo modo ruim,que quando a gente ama,é preciso deixar livre o que se ama.
Ah,amei.
Beijo
Miika Rocha
VisitandO akii pela primeiira vez…
Estava visitando BLOG´S e acabei encontrandO aqui o seu, adoreii seu lugarzinhO …
Voltareii sempree
BjOs
Miika Rocha '
★★ GIZA ★★
ola
adorei seu blog e estou te seguindo
me faça uma visita:
http://www.flordelotus29.blogspot.com
me siga. vou adorar que sejamos amigas
beijos
Mayara
Adorei, mesmo. Eu gosto da sua criatividade e do seu modo de pensar, como coloca isso no papel. E às vezes é difícil deixarmos o que amamos ser livre, mas quando aprendemos e compreendemos que se for nosso, voltará, tudo se torna mais fácil.
Elisa Mucida.
AAHHH Jade, você escreve muuuito! Ficou perfeito esse texto, eu amei muito! Ficou hiper criativo, nunca tinha lido nada igual. E o seu lay é uma gracinha *-* Beijos :*
Sabrina Mendes
amei o conto!
isso ajuda muito a refletirmos.
bjs
Natália
O pior que é verdadeira essa frase da tua mãe. Mães são sábias. beijo
Ariana
Que conto maravilhoso, super bem escrito!
Deixar o que amamos livre as vezes é uma tarefa impossivel!
beios e otima semana!
IsaBele
Oi Jade! Também gostei muito desse seu espaço. Este seu conto foi inspirado no conto do Rubem Alves "A menina e o pássaro encantado", do livro "Cantos do Pássaro Encantado"? É bem parecido… Muito sensível sua escrita, menina.
Parabéns!
Laura
Que lindo conto. Quem ama deixa ir.
Beijos
Lu Rosário
Muito bonito o texto e a lição que ele nos dar é dita e certa.
Amar é confiar no outro e deixá-lo livre. A liberdade torna-se, então, sinônimo de respeito e carinho com o outro.
Muito obrigada pela visita em meu blog, sinta-se à vontade para vsitá-lo quando quiser..sempre sempre bem-vinda. Prometo voltar mais vezes.
Beijos.
Daninha
Ficou linda a história *-*
Deixar as coisas que amamos livre é bem difícil, pois sempre
há aquele medo delas não retornarem >.<
Beijos
Nina Auras
Realmente, a frase "Ame as coisas que tem, por isso deixe-as livre. Se voltarem à você, é porque realmente as merece" e esse texto estão muito interligados. Achei bem bonito o texto, senti-me no lugar de Annabeth, sabendo que ele não iria voltar se ela abrisse a gaiola, mas optando pela liberdade dele. Lindinho :3
HBC HD
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Convidamos você caro leitor, que goste de ler e apreciar um bom conteúdo, onde se encontram tudo sobre: Celebridades, Televisão, Futebol, Coisas Bizarras, Novelas, vídeos de música, pegadinhas e desenhos antigos e atuais, séries e muito mais.
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Karen Vieira
eu adooooooorooooo textos grandes, me deixam fascinada. Adooorei, tá bárbarooo . Bjuus !
Nina Vieira
Liberdade, creio eu, é o principio de tudo. mas eu sei o quanto dói quando acontece de o outro adquirir liberdade por conta própria.
Beijos.
Macaires
Oi, Jade, querida!
Passei para retribuir a sua visita ao Macaires!
Ando um pouco ausente do blog, por isso não te respondi antes, mas espero que retorne, pois eu voltarei aqui!
Um beijo e até mais!
Gabi Rodrigues
Perfeito Jade, adorei cada linha! Lindo esse seu jeito de escrever, amei mesmo..
Bjos;**
Erica Ferro
Ficou incrivelmente lindo esse conto, Jade!
Lindo, lindo e lindo!
Amei mesmo!
Que mensagem bela!
De fato, amar não é sinônimo de aprisionar. Quem verdadeiramente ama, deixa seu amor livre.
Beijo.
Amanda
Oi, querida.
Vim te convidar para participar do Amigo Secreto Blogueiro: http://bit.ly/c8wA2b
Espero mesmo que você participe!
Beijão!
Carol Morais
Nossa, que bonito.
Eu também acredito que, se você ama algo ou alguém, é preciso deixar esse alguém livre. O amor não é feito por correntes, mas por asas que batem na direção de nossos impulsos.
Lindo texto!
Gostei bastante!
Um forte abraço, minha flor!
A.S.
Ah!… como o contraste nos apaixona!!!:))
Beijos!
AL